As Vaias do PAN

A abertura dos Jogos Pan-americanos no Maracanã deu o que falar. O início aconteceu com o atraso razoável, compensado pela emocionante presença de Elza Soares, cantando o hino nacional. Admiro a voz singular de Elza , talvez na mesma intensidade que admiro a mulher que caiu e levantou tantas vezes, com a mesma dignidade.

A emoção me visitou mais vezes. Decididamente foi um belo espetáculo com a nossa cara, a despeito do que o Times londrino publicou sobre a corrupção e o alto custo do evento.

Valeu, ver meu país mostrando sua cara bonita e criativa!

Porém, nem todos gostaram. O presidente Luís Inácio da Silva, por exemplo, não deve ter gostado. Foi vaiado nas três vezes que seu nome foi citado.Não vaiaram só o presidente, o público contemplou com apupos a delegação americana também. Portanto a expressão popular foi democrática.

Não gosto de vaias. Sempre penso em quem está sendo alvo dessa desaprovação proclamada tão sem cerimônia. Fico tentando julgar se a pessoa merece-a ou se aquela condenação pública não causará um dano irreparável à auto-estima do vaiado.

Todavia, se me surpreendeu a desaprovação ao Presidente, mais ainda me surpreendeu alguns comentários no Blog Conversa Afiada de Paulo Henrique Amorim no sentido de que as vaias haviam sido orquestradas pela mídia (leia-se a TV Globo).

Alguns leitores do blog citado diziam que os apupos vinham de uma classe privilegiada e que a Globo havia dado um enfoque maior do que outra emissora aos apupos..

Pelo amor de Deus, será que essas pessoas não estão vendo que as vaias a Lula são uma prova da força da democracia pela qual ele e tantos outros lutaram?

Não acho bonito vaiar, mas respeito essa demonstração pacífica de desapreço da população, seja de que classe social for.

De outro lado, não podemos esquecer que essas pessoas representam o percentual da população que não aprova o governo federal, que apesar de populista não tem cem por cento de aprovação.

Seja, o governo, de direita ou de esquerda, quero-o democrático. Por isso dou vivas à democracia que vigora nesse país e que foi vivamente testada nessa sexta.

Evelyne Furtado
Enviado por Evelyne Furtado em 14/07/2007
Reeditado em 16/07/2007
Código do texto: T565237
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