Hoje num futuro próximo...
... Ontem, me surpreendi ao ver-me em alguns anos no futuro. Nem tantos, mas num futuro. Ri pelo infortúnio das lembranças dos tempos de militância. Como éramos felizes e não sabíamos! Tínhamos a guerra superior que queria separar o Sul do Brasil, mas guerreávamos por outras inúmeras razões, ou por razões que hoje percebo que não eram óbvias, mas futilidades que não precisavam ocorrer. Muitos anos depois e estamos sentados aqui com alguns amigos daquela época. Poucos sobraram é verdade! Estes sabiam muito bem o que era de fato importante, estávamos juntos nos fronts. As três regiões com o mesmo propósito, mas ainda brasileiros cheios de orgulhos e cada um de certa forma querendo puxar um pouco mais de “brasa para sua sardinha”. Naquela época isso ainda importava, talvez fosse para o fortalecimento da nossa nova pátria. Hoje não importa se aconteceu ou não, devíamos rir e deixar pra lá!
As festas, os cotovelos, nostalgia de um tempo que não volta mais. Somente lembranças, pequenas lembranças, pois a maioria daquilo que ocupou espaços em nossas vidas foi com o vento do tempo. E hoje o que sobrou? Sobrou o que de fato construímos. Sobrou aquilo que parecia mais torpe e desnecessário. Sobrou apenas uma amizade forte e verdadeira! Amizade construída através dos vários anos de convivência diária.
Aquilo que pensávamos ser o mais importante no fim não era! E se era, acabou não sendo, pois dele não lembro mais, e provavelmente ninguém se lembre!
Quando me lembro daqueles encontros e congressos utópicos! Desculpa, quase esqueci também. Mas é verdade, existiram, pois estão nos livros! Ainda dirão que fomos os heróis dessa façanha! De fato, fomos os sonhadores, os mais atrevidos e os mais persistentes pela causa. Isto mesmo, éramos os idealistas, os “doidos” que iam com a cara e a coragem em busca de adeptos, em busca de espalhar a semente de um novo horizonte.
Mas porque havia tantas confusões? Este é o motivo de meu riso, não consegui descobrir! Por mais que tente me lembrar! Talvez fossem os Catarinas mais afoitos, ou os Paranaenses genitores daquele movimento, ou ainda os Gaúchos, que pelearam durante a historia toda e já estavam cansados. Justo! Alguém poderia levar a culpa nisso tudo. A maioria nem estava ai “pro pagode”, isso é bem verdade! Outros perspectivando o que poderia ganhar com tudo aquilo e com o que viria daquilo tudo. Muitos foram enfraquecidos pela falta de propósito. Mas pensando bem, eram necessários para que uma apologia forte fosse criada.
Então, hoje o riso se fez presente e tanta coisa poderia ser mudada para que o sucesso viesse mais amenizado! Éramos um povo por autoafirmação, mas somente um milagre para aproximar muitos gladiadores que queriam deter o poder para si mesmo. Era engraçado, pois pregávamos uma descentralização... e como tentávamos concentrar o poder com este ou aquele grupo? Poderia lembrar-me de uma coisa que pudesse reunir aqueles infelizes. O plebiscito! Esta aí, isto reuniu todos! Até que enfim uma lembrança que surtiu efeito. Mas de alguma forma isto também demostrou uma certa incoerência, emendada depois! Éramos apartidários, mas tivemos muito apoio de políticos. Sim, sim, eram dos municípios... Ah! Isto podia, já que queríamos ser municipalistas após a independência! (rs)
É verdade, éramos ávidos pela vontade de vencer os obstáculos! Ops! Será que até a lembrança ainda me faz querer brigar por futilidades? Será que é isso? Futilidades! Esta é a palavra para descrever as razões das diversidades. Que vergonha! Julgávamo-nos a classe pensante e nos detonávamos por futilidades!
O antigo país indo para o buraco, o novo país prestes a ser reconhecido, mesmo com dificuldades estávamos trabalhando como nunca, mesmo sem saber o que faríamos em varias áreas, estávamos lá firmes. A febre separatista nos deixava parecendo adolescente com a adrenalina à flor da pele, isto fazia parte, e era muito bom, pois respirávamos aquilo. Mas o que mais importava? O que importava realmente ainda estava longe de ser alcançado.
Pouco de nós sobreviveu a esse sonho e os que sobreviveram ainda está construindo este novo país. Muitos dos nossos compatriotas ficaram pelo caminho. E os outros? Onde estarão os políticos e imperadores daquela época? Sumiram? Sim, sumiram, pois aqui não conseguem impor suas mazelas.
Essas lembranças não saem da minha memória. Poderia ficar rindo de varias coisas e contar o que aconteceu durante aqueles anos. Este é o futuro que pleiteávamos! Como não ser gratos por tantos que lutaram ferrenhamente e até por aqueles que eram tão ávidos que atropelaram seus próprios companheiros...
Que besteira perceber que alguns tentaram ser os maiorais, quando aquele movimento era um bem comum a todos os sulistas! Somos bons em conjunto. Ninguém conseguiria sozinho essa façanha. Naquela época não podíamos agir negativamente, nem hoje podemos reagir da mesma maneira... Isso é fácil de ver depois de todo esse tempo. Será que contar este episódio a alguém mudaria alguma coisa? Acho que não! Muitos chamar-me-iam de idiota e continuariam medíocres. G. Capoeira, muitos anos depois...