A questão do golpe
Não podemos crer que o golpe hoje tenha sido engendrado no exterior como em 64. Basicamente na White House, com Kennedy, Vernon Walters, Kissinger e outros menos votados, conforme a farta literatura agora disponível.
Os mesmos interesses podem até estar camuflados, mas o golpe agora, imaginando-se que esteja em andamento, seria muito mais decorrente dos descaminhos de um governo que perdeu o rumo empreendido a partir de relações e envolvimentos com um lado tradicionalmente marcado pelo oportunismo, fisiologismo e alijamento da parte maior da sociedade dos benefícios a que teria direito com o progresso da nação. A ponto de não se poder separar o joio do trigo.
Se ainda pudermos falar em direita e esquerda, separadas agora por uma linha cada vez mais indistinguível, devemos lembrar que a direita é o lado dos empresários, das elites, política e econômica, da manutenção dos benefícios e vantagens fora do alcance do cidadão comum e outras prerrogativas. Enquanto que à esquerda estaria reservado o combate a tudo isso e, logicamente, à corrupção. Um esquerdista convicto jamais poderia ser identificado como um corrupto. Mas será que o partido ainda no governo teria condições de se imaginar inteiramente assim?
Hoje, infelizmente, já não se pode dizer o mesmo. Isto é, não há fundamentalmente esquerdistas convictos. Ou estarão escondidos?