Mensagens que edificam - 201

Dizer o que pensa, pra um incauto é exprimir palavras que lhe puseram na boca. Um fanático nunca diz o que realmente pensa, simplesmente porque ele não pensa. Pensar é um exercício para quem aprendeu a fazer prevalecer sua consciência sobre questões e ideias. Pensar é demonstrar a capacidade de andar na contramão mesmo que isto lhe implique críticas desconexas. Mas não há aí motivos para desconforto quando se sabe que a fonte do descontentamento nem sabe pra onde vai. Afirmar que está no caminho é por via de regra a obvialidade do trivial, afinal todos estamos num caminho, mesmo que perdidos. O reencontro com as origens pode trazer a paz que tanto se busca, mas se somos oriundos, por conclusão fisiológica, de um útero e nada aquém disso, permanece a insistente pergunta: de onde viemos e para onde iremos? Na incerteza, jamais serei irresponsável de me calçar de conjecturas paridas por meros mortais, como eu. Se não sou dono nem de mim mesmo, o que dizer de uma premissa que não se abstenha da arrogância de se intitular como absoluta? Elegem entidades e brochuras como oráculos de uma inalcançável eternidade e escrituras sem assinatura reconhecida no cartório do bom senso crítico. Quem não aceita, não é bem aceito; quem não vê suas miragens com bons olhos, não é bem visto. Num mundo imaginário apelidado de irmandade, não dar as mãos ou caminhar lado a lado é ser inimigo declarado. Neste contexto, meu texto está fora de contexto, e esta redundância fica mais forte quando sou questionado sobre o meu primeiro instante após a morte. Cuidar da vida já é uma tarefa custosa, por isso mesmo deixo os caprichos do último suspiro para quem se esquece do agora e vive em função de um porvir que a bem da verdade, vem, mas nada a dizer depois que o esquife desce à câmara vazia e fria.