DIA MUNDIAL SEM TABACO
Criado pela “Organização Mundial da Saúde”, para alertar sobre as doenças provocadas pelo uso do fumo, em 31 de maio próximo vindouro será celebrado o “Dia Mundial Sem Tabaco”.
Lendo o cartaz a respeito, fixado num busão do “MOVE” aqui em Belô/MG, eu que nunca fui chegado a fumo ou cigarro, viajei no tempo e retornei a São Paulo, capital, aonde cheguei em maio de 1963, há cinqüenta e três anos atrás, portanto, transferido pela “Estacas Franki Ltda.”, empresa belga na qual eu trabalhava na capital mineira.
No grande escritório da empresa, no coração da paulicéia desvairada, Rua Marconi, entre a Sete de Abril e a Barão de Itapetininga, próximo à Praça da Republica, conheci duas colegas de trabalho, a Nilda, loura e a Deise, morena clara, que me recepcionaram muito bem e se tornaram grandes amigas.
A Nilda fumava um cigarro atrás do outro, a Deise nem tanto, mas pitava. Aliás, nos finais do expediente eu costumava tomar um chopinho com o Kaminski e o Otto, dois colegas de trabalho e ficava abismado com o grande número de moças nos bares da região, tomando chope, bebendo caipirinha e fumando descontraidamente. Em Belô, moças não entravam em bares e, ao passar defronte a um deles, baixavam as cabeças, envergonhadas.
A Nilda, certa feita, indagou-me se eu fumava. Respondi que não e ela emitiu um pensamento que me impressionou bastante, deixando-me encucado:-
“- Pois eu acho que o cigarro é um complemento indispensável à vida do homem moderno!” - Puxa vida, pensei eu, sou homem, quero ser moderno e então vou aprender a fumar.
Ao meio dia, encerrado o primeiro expediente, logo na saída do prédio paramos numa tabacaria e comprei um maço de cigarros “Hollywood”. Abri e comecei a fumar que nem louco, um cigarro atrás do outro. Do escritório até o Hotel Central, na Avenida São João quase esquina com o Vale do Anhangabaú, eu já fumara uns quinze cigarros!
Na portaria do Hotel eu já cheguei meio zonzo, o Kaminski e o Otto subiram ao restaurante e eu, indisposto, fui ao meu apartamento, tirei toda a roupa e tomei um banho frio, fazendo bochechos e gargarejos para aliviar meu mal-estar. Vesti-me a seguir, desci ao restaurante e não consegui almoçar. Meus amigos me convenceram a tomar uma sopa quente, melhorei um pouco, mas não tive condições de voltar ao escritório para o expediente da tarde. Voltei ao apartamento e apaguei.
Só sei que a Nilda e a Deise, sem querer, me fizeram um grande favor:- o de desistir de ser moderno através do cigarro. Aquele “porre” de cigarro foi o primeiro e o último de toda a minha vida!...
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B.Hte., 25/05/16