PEQUENA HISTÓRIA
Hoje saí com meus amigos verdadeiros para passear, são quatro, pois os outros não sei se são amigos, se o são é só por interesses.
Na rua que eu costumo andar senti o vento fresco, (fresco que falo não é o fresco baitola, pois das palavras fazem que tomem sentido diferente, é como coco ou o outro coco que tiraram o chapeuzinho. Será que alguém pode trocar e comer o coco errado, ou o estrangeiro pensar que comemos o coco sem chapéu? Existe um palácio onde não comem coco, mas fazem coco em grande profusão e até jogam coco no ventilador, deve ser para ralar e fazer cocada. Isto é uma cachorrada! Falo dos meus quando saio, as pessoas dizem: Que cachorrada! No outro sentido acho mais interessante, pois é uma cachorrada só, sem ofender os animais, digo cachorros. Engraçado são as laranjas em dúzias que não dão na laranjeira, não se pode fazer laranjada, estas tomaram conotação diferentes e são até gente.) e fui envolvido por uma lembrança, como uma saudade que só existe na nossa “língua”, e trazia como um cheiro no ar de recordações longínquas. Eu não sabia quais eram as lembranças, mas eram sentimentos inexplicáveis sem começo e fim.
Olhei o monte alto e triste, estava em parte queimado e na outra havia um verde que chorava cinzas, porém o vento que me tocava provocando saudades, quase reais, e parecia declamar poesias que eu não fiz.
Neste meu passeio fui até onde costumo ir e retornei pela outra rua paralela (pois é uma avenida) e já o sentimento que o vento trazia não senti mais, nem dei atenção ao monte triste, meu coração havia aquietado. Ah!... No meio da avenida há um rio que corre com águas sujas e fétidas, ladeando há árvores com sombras estaticamente paradas, com folhas ao chão caídas e caladas.
Depois disto cheguei a minha casa como meus quatro amigos cansados e sedentos, os outros (que usam da razão) amigos por interesses são. Vivi esta pequena história sem nenhuma glória, não gastei qualquer tostão com as coisas que comprei sem dinheiro no tempo que a vida doou graciosamente.
No meu mundo há olhos que passam sem chorar, vidas que vivem sem amar, tempo que marca e corre sem parar, vento que sopra por soprar, carros que passam e tornam a passar.
No meu minúsculo mundo, situado enfrente da rua onde moro, descobri esta pequena história!