Mensagens que edificam - 199

"O suplício de Jó"

-Conflitos existenciais impostos por uma divindade contraditória-

Para quem gosta de ficção e fábula, um prato cheio com todos os ingredientes. Um livro que ninguém soube até hoje datar quando de facto foi escrito, e quem é o seu autor. As controvérsias começam pelas incógnitas impostas por particularidades onde não deveriam pairar dúvidas, haja vista que o referido livro compõe o "cânon sagrado". Entretanto, quando alguém traduz que a fé cega e inquestionável é o melhor caminho, jamais conseguirá enxergar os absurdos que recheiam esta estória onde logo no início uma teodiceia é e evidenciada na permissibilidade de um deus para que o mal caia sobre um homem reto. É mais um desafio à lógica e ao bom senso correr os olhos sobre a escrita em questão e não proceder com as indagações mais óbvias.

No capítulo 1, a partir do versículo 6 percebe-se um diálogo entre Deus e Satanás com detalhes extremamente intrigantes... "Era chegado o dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se perante o Senhor, e entre eles veio também Satanás." Como assim? Que dia era este, quem eram estes filhos de Deus, e Satanás andava no meio deles? Bastante estranho...

No versículo 7 o onisciente Deus hebreu pergunta a Satanás de onde ele vem. Novamente uma questão intrigante... Não sabe Deus todas as coisas, e não saberia do paradeiro de Satanás que vinha acompanhando os seus filhos? Muito estranho...

No versículo seguinte Deus, que ainda sem saber das coisas, pergunta a Satanás se ele notou o seu fiel e temente servo Jó, no que o indagado sugere que tal fidelidade é resultado da prosperidade que Jó tem, e a seguir dá uma "formidável" sugestão a Deus, que pese a mão sobre ele, e então o seu servo blasfemaria. E Deus prontamente acata a sugestão de Satanás e concede a ele todo o poder para pintar e bordar com Jó, sem autorização apenas para não lhe tirar a vida, de resto, fazer do temente homem, gato e sapato.

A estória é conhecida de qualquer pessoa que já tenha passado por uma igreja, mas vale sempre lembrar que tudo começou com uma série de desgraças, e entre elas, os dez filhos de Jó que foram mortos, mas é claro que qualquer crente convicto da "veracidade" deste conto vai dizer que no final Deus o restituiu os dez filhos, sendo sete homens e três mulheres, e com uma benevolência, em toda a terra não se achou mulheres mais lindas do que as filhas de Jó. Oohhhh!!! Que espetáculo! Será que de lambuja ele contemplou Jó e a sua esposa com amnésia? Porquê que pai ou mãe esquecerão de um filho que morreu, e de maneira trágica? O que dizer de dez?

Francamente, por estas e outras inúmeras razões tenho hoje a Bíblia como referência de estudo e comparações, mas jamais como verdade absoluta e incontestável. Aos que desejam ampliar os seus conhecimentos e fazer uso da razão lógica há uma série de bons livros que poderão fazer toda a diferença, a ficar apenas com uma literatura diante dos olhos como se esta fosse a janela do céu.

Lael Santos
Enviado por Lael Santos em 22/05/2016
Reeditado em 22/05/2016
Código do texto: T5643640
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