Não somos vítimas inocentes

Certamente antropólogos, sociólogos e demais especialistas em comportamento sociail andam tendo trabalho para explicar o fenômeno brasileiro da falta de decência endêmica que impera no país. Quando se torna lugar comum frases como: “inversão de valores”, ou quando a explicação do sucesso tem sempre um tapete por perto para encobrir sujeiras, e as referências se perdem a tal ponto de se ter “vergonha de ser honesto” entramos num novo patamar de sociedade. É uma nova “era da escuridão”. Aí, procura-se bodes expiatórios para um mal social entranhado já tão fortemente que não há consciência. Virou costume. Uma disfarçada forma de cinismo. Uma quebra do paradigma das dignidades.

Via-se isso em pessoas, não em grupos. Viu-se isso apenas em castas não nas esquinas. Hoje está no pensamento. Na formação das personalidades. Nos próximos comportamentos oficializados. Estamos vivendo o fim dos princípios. Não o dos preconceitos erroneamente denominados, mas os básicos da convivência e da organização social sonhada na menos ambiciosa das teorias que contemplem um mínimo de condição de funcionalidade respeitosa.

...E vamos nos acostumando. Perigosamente.

Culpar o congresso por isso é a primeira das inconsciências, já que basta perguntar a qualquer pessoa: você gostaria de ser eleito senador ou deputado? Que a resposta virá quase sem exceção precedida de um sorriso. Este gesto pode representar as intenções de ser “um deles”, logo, estamos é muito bem representados! São nossos pedaços ali. Legislando para o seio que o criou. Não somos vítimas inocentes!