A PRIMEIRA E SEGUNDA MATRIARCA
Crônica de:
Flávio Cavalcante
Crônica de:
Flávio Cavalcante
Quanta saudade eu sinto do meu primeiro contato com as letras. Aliás, literalmente falando; o meu primeiro contato foi de fato uma apresentação de prazer em te conhecer. Eu tinha apenas cinco aninhos de idade. Ganhei minha primeira lancheira, assim como era chamado um compartimento para levar o meu lanche na escola. Os detalhes é o que mais me impressiona. Minha lancheira era de plástico maciço. De cor azul e a tampa era branca. No corpo azulado eram distribuídas por letras do alfabeto de um lado e do outro; eram os números. O prazer foi todo meu em conhece-las.
Hoje em dia eu fico estupefato e preocupado com o futuro de nossa juventude dessa era moderna. Passei a minha vida toda estudando em escolas públicas e numa época que os professores eram orgulhosos de sua profissão. A única escola particular que se ouvia falar era o curso de datilografia, que era quase obrigação ter o diploma se o cidadão quisesse entrar no mercado de trabalho. Era como a carteira de motorista hoje em dia. Esta, que nem se falava. Não se via nas ruas essa inferno de veículos.
Depois de ver uma enquete no mural de uma amiga escritora no meio virtual, vi o quanto o jardim de infância marca pra sempre o futuro de uma criança. É bem claro que uma boa infância fatalmente a criança não terá problemas no futuro. O contato da criança no primeiro dia de escola é o princípio dessa marca que vai carregar durante toda a sua vida.
Eu posso dizer claramente que a minha aptidão pela escrita devo com muita felicidade a minha primeira professora e segunda mãe que eu a chamava de Tia Izabel. Quem da nossa geração não tem uma lembrança carinhosa das nossas tias de consideração? Meu Jardim de infância foi marcado pelo carinho e a dedicação dessa matriarca postiça que não cabe no peito a saudade desse tempo mágico da minha infância.
Lembro-me perfeitamente do terror do primeiro dia de escola. O medo no novo assusta até nós já maduros. A vida nos proporciona essa oportunidade do primeiro contado com a vida de fato. Aprendemos a viver em grupo. A respeitar o nosso coleguinha, a ter disciplina até na hora de merendar. No meu caso foi muito difícil a adaptação pelo fato de ser muito apegado à minha mãe, mas o carinho era tanto da Tia Izabel que não demorou muito para ter toda confiança como se ela substituísse de fato a responsabilidade de nossas mães.
Recentemente tive a honra de encontrá-la novamente. A vida proporcionou-me essa oportunidade quase cinquenta anos depois. É bem verdade que a sua fragilidade na saúde devido ao peso da idade fê-la demorar um pouco para o reconhecimento. Também estamos falando de cinquenta anos atrás e eu tinha na época apenas cinco aninhos de idade. Mas ela lembrou sim; e ficou muito emocionada e a abracei com tanto afeto que não tinha vontade de sair dali. Foi um dos momentos mais lindos da minha vida.
Lembrei das estorinhas que ela contava toda sexta feira. Dos recorte das revistas que ela colava no quadro negro para ilustrar as estórias fazendo toda a turminha nem piscar os olhinhos com a delícia de cada cena figura que ela mostrava.
E diante de toda esta saudade e prazer de lembrar cada detalhe, deixo aqui a pergunta
“QUAL O NOME DA SUA PRIMEIRA PROFESSORA?”