EMOÇÃO E PRECARIZAÇÃO NO ENSINO DE SERVIÇO SOCIAL!
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Sentado na segunda-fila no Auditório Rio Solimões, da Faculdade de Estudos Sociais, da Fundação Universidade do Amazonas, esperando para receber uma placa de prata do Conselho, o maior reconhecimento em vida a um profissional Assistente Social, ouvia atentamente o discurso da Presidente do CRESS/Am e RR/15ª Região, Maria Nilce Ferreira da Silva, explicando que o CRESS não é contra Ensino de Serviço Social, cobrando a inserção do Assistente Social e Psicólogo em Escolas, cumprimento das 30 horas semanais de trabalho aprovada e sancionada e descumprida pelo Governo Federal, piso salarial nos 80 anos de regulamentação da profissão e muitas outras demandas da profissão, ouvi de uma colega integrante da mesa a frase: “a gente fomos”, Nilce era conselheira fiscal nos dois mandatos da assistente social e professora Cecília Freitas e me recebeu com Doeu no ouvido, mas continue ouvindo outras falhas. E por que isso ocorre? Com relação à expressão “a gente fomos”, dentro de um contesto mais amplo, são inúmeros os fatores e razões para a precarização da Profissão e não só do ensino à distância.
Algumas possíveis causas para isso poderiam ser: o fim ditado, copia, cobrir letras, leitura, sabatina de matemática, leitura em voz alta em sala de aula, exercícios em lousa e muitos outros componentes que se imbricam e se fundem na palavra “precarização da profissão”. Não culpo e nem defendo a ninguém, mas precisamos pensar nas seguidas e complicadas mudanças no Ensino, as escritas erradas nas redes sociais, o fenômeno da internet, a falta de leitura e etc. Delas surgem as outras complicações. Contudo, a absorção acrítica dessa precarização e dos vícios linguísticos mataram o idioma e morreu a defesa em favor de melhorias. Quando professor do Curso na Faculdade Nilton Lins realizei pesquisa e constatei que alunos tinham vindo do EJA – Ensino de Jovens e Adultos e Ensino Supletivo e, que mais de 60% não eram católicos, a despeito da profissão ter surgido dentro da Igreja Católica, durante a Revolução Industrial, na Inglaterra. A uma ex-aluna que quis tirar uma foto ao meu lado e lhe perguntei: “Fui um bom professor?” “Era, só muito rígido, mas sua rigidez e cobranças foram benéficas na minha formação?”. Tirei a foto ao lado da placa mostrando os 80 anos da profissão e agradeci. Senti-me aliviado.
As colegas Ruinaltina Moraes Pires, Assistente Social do Sesi e Francileide “Joia”, hoje professora da Uninorte, que foram prestigiar o momento mágico do reconhecimento do Conselho, também pediram para tirar foto ao meu lado. À Tina, dediquei meu primeiro livro científico porque era na casa dela que fazíamos nossos trabalhos da Faculdade. Depois de registrarem em fotos, disseram-me que “em setembro de 2016 nossa turma completará maioridade e devemos comemorar”. “É mesmo, completaremos em setembro 21 anos de formados”. O tempo passou muito rápido e lembro-me do primeiro dia de aula juntos: a turma era formada por 36 mulheres e quatro homens. Um do município de Parintins desistiu logo no início; outro, logo depois e continuamos eu e o colega Odenias Raimundo, o ODD e dei uma risada meio sem graça! O ODD, seguidas vezes reprovado em seu projeto de pesquisa, formou depois.
Recebi muitos reconhecimentos em vida: a biblioteca comunitária “Escritor Carlos Costa”, diploma de “Educador para a Paz Mundial”, do Instituto Educando para a Paz, órgão da ONU, outorgado em 29 de agosto de 2015, indicação ao prêmio Jabuti, de 1999, pelo livro O HOMEM DA ROSA, edição ampliada e revisada pela Editora da Ufam, da obra científica O CAMINHO NÃO PERCORRIDO – A TRAJETÓRIA DOS ASSISTENTES SOCIAIS MASCULINOS EM MANAUS, lançado às 19 horas do dia 8 de novembro de 2013, na Loja Bemol Manauara, em uma noite chuvosa e complicada da cidade de Manaus.. Contudo, nenhuma dessas honrarias pode ser comparada à emoção de receber em vida o reconhecimento da categoria profissional que ajudei a mudar o conceito de que era só para mulheres, embora tenha nascido no seio das mulheres, hoje a profissão é plural, como muitas outras também passaram a ser. Fiquei feliz em ouvir o nome da minha professora Rita de Cassia Montenegro, sendo homenageada “in memorian”. Ouvi a citação do nome da minha professora Heloisa Helena Correa da Silva que já estaria no Auditório, aguardando para fazer a palestra na Semana do Assistente Social. Procurei e não a encontrei, quis voltar para cumprimenta-la, mas minha esposa estava com pressa e não me permitiu. Ah, Nilce, suas palavras ainda me soam aos ouvidos, quando lhe agradeci com voz embargada pela emoção: “Somos colegas”. É...somos colegas!
Fico feliz por ter tido a oportunidade de estar vivo e ter aprendido mais do que ensinado à colega! Obrigado a toda a categoria de profissionais assistentes sociais. Temos ainda muito para que venhamos a ser considerados categoria profissional tecnicamente qualificada que já teve 10 salários mínimos como piso salarial concedidos e cassado pelo mesmo Governo Federal, sob o argumento de que nada poderia ser indexado ao salário mínimo. Essa informação confidenciei no ouvido da assistente social do Sesi, Veremites Pereira, que foi professora de minha cunhada Vera Queiroz, assistente social.