"Batida na porta da frente, é o tempo"

Então, um dia descobri que não sou tão frágil como as poesias, que os românticos "pintaram". Não sou a princesa do papai. Entendi que há uma força vital que nos faz olhar além do que olhos nos permitem ver.

Entendi que em certos momentos as desilusões são propositais do destino, em outras são provocadas por nossas carências, por nossas eternas procuras de "sei lá o quê". Às vezes procuramos preencher vazios, lacunas deixadas por entrelinhas que nunca saberemos o seu real significado e acabamos nos detendo na vida , afim de tentar decifra-las , e normalmente quando conseguimos,a vida passou e nem percebemos . Há certas pessoas que vem e ficam , outras que seguem o seu caminho,mas há aquelas que mesmo com sua partida ainda se perduram dentro de nós, com seus sorrisos largos,seus trejeitos e o incrível poder de nos dissecar ,desvelar e desnudar ,com um simples toque ou um despretensioso olhar.

E não sabemos o que fazer. Não sabemos se gritamos por socorro ou se tomamos um chá quente pra chamar o sono mais cedo, e acreditar que amanhã é um outro dia.

E assim seguimos ... até que um dia, decidimos que tudo vai mudar.Porque não podemos fingir que não dói ,mas, podemos acreditar que vai passar.Entendi que ninguém tem o dom de nos possuir . Que ninguém pode nos ferir e simplesmente voltar dançando pra casa . Que as pessoas não podem achar que você é um saco de pancadas e tão pouco um depósito de lixo ou de sêmen. Que não somos uma bengala humana e que não fizemos curso de cuidador de pessoas carentes ou egoístas.

Entendi que dentro de nós há um coração que pulsa, há veias que latejam e há um cérebro que nos domina boa parte do tempo ,mas, que também pode ser dominado ,basta saber como opera-lo.

Entendi, que na vida somos uma eterna fusão de sentimentos, somos mosaicos de nossos próprios caquinhos , às vezes caminharemos em labirintos, outras em círculos (viciosos), outras em caminhos tortos com buracos e asfalto de piçarra. Caminharemos por estradas repletas de flores e folhas caídas, com cheiro de fruta madura,em outras teremos apenas o horizonte como paisagem.

Vários caminhos , com uma só direção: a linha reta.

Não nascemos preparados, a vida é repleta de galhos caídos, de pedras pontiagudas, de corredores estreitos, e poeira ,que por vezes, embaçam nossa visão. Há tanta coisa injusta que nos cercam, que não entendemos de onde vem e nem porque estamos passando por isso. Que não sabemos quando e nem como vai acabar.

Dizem que "Deus dá o frio conforme a roupa". A pergunta, é :

- Que tipo de roupa, você, quer usar?

Luciana Tapajós.