O novo milênio

O mundo assume o retrô, quando a presente cultura não sabe para onde ir. Na virada do milênio, havia uma grande expectativa para a chegada de um futuro, que não aconteceu como esperado. Apesar dos grandes avanços tecnológicos, a criatividade seguiu analógica, sem criar novas tendências, estilos ou direções, mas misturando tudo que já havia e buscando referências na releitura do que se extinguiu. Nosso estilo atual está na falta de um estilo definido.

O novo milênio é um período de abertura das diversidades, de interiorização ou melhor aceitação sobre questões antes marginalizadas.

É o início de um século que busca a identidade pessoal e coletiva. Um século da popularização da depressão. Afinal, para voar, antes a lagarta precisa descobrir que tem asas e se fecha em seu casulo.

A era das fotos, que tudo precisa ser registrado, com receio do esquecimento ou da perda de uma parte de quem se é...

É um período marcado pela ditadura da felicidade, que elevou o padrão das expectativas... Acontecimentos comuns cotidianos, sempre devem aparentar ser um grande evento marcante e inesquecível! Neste processo, corroborando com a depressão de quem não é capaz de acompanhar esta exigência acelerada!

É o momento de políticas afirmativas, que embora busque a integração às diferentes classes, raças e gêneros, esquece da singularidade que nos é peculiar...da nossa humanidade com erros e acertos, que está acima de classificações...acabando por nos setorizar em grupos divergentes e comprometendo o diálogo pela forma "correta e ideal" de pensar... Sem espontaneidade, individualidade e naturalidade...Segregando, isolando ou massificando formas de conduta.

Exacerbando as exaltações e intolerâncias, nesta tentativa de construir uma linguagem comum e universal...

A facilidade de viajar e a internet, por um lado, aproximou e dispersou as culturas, por outro, espalhou tanta informação, que ainda não sabemos bem o que fazer com todas elas...nos tornamos pequenos diante de um mundo tão vasto que descobrimos... Um mundo que vai além de nossa casa, nossa rua, nosso país...

Qual é o nosso lugar nesse novo mundo sem barreiras? Quem queremos ser com tantas possibilidades? É nesse ponto que estamos agora,...diante de um abismo, deslumbrados com o amplo horizonte e inseguros da nossa capacidade e vocação para voar...

Fernando Paz
Enviado por Fernando Paz em 15/05/2016
Código do texto: T5636478
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