A Ordem sem progresso

A Psicologia indica e a gente comprova. Organização é, em sentido amplo, coisa boa. Está ligada à ordem, retidão de caráter, seriedade.

Conheço pessoas maravilhosas que são organizadas até para falar, pensar, julgar. Jamais se precipitam, excedem ou são lacônicas. Têm uma objetividade sábia. Vivem em harmonia com o Universo. São corretas na família, com os amigos, com a sociedade. Têm sempre uma opinião sensata, isenta sobre o mundo, sem deixarem de ser tremendamente humanas. Vivem cada momento, sobra-lhes tempo para apreciar cada detalhe da vida, veem encanto nas pequenas coisas. São os chamados gente-boa, exemplares.

Mas há um outro tipo de indivíduo que tem um apego excessivo à organização. Diria que são os responsáveis por Organizações Perigosas. Têm muita necessidade de estar impecavelmente vestidos. Sentem-se muito incomodados com desordem. Gostam de estar no controle. Por que são perigosos? Porque dependem da ordem aparente para compensar a desordem interior. Quanto mais desordem, sujeira interior a esconder, de mais rigor aparente necessitam. E mais austeridade demonstram.

Como tendemos a julgar as pessoas pela aparência, geralmente são riscos quando indicados para ocupar o banco das pessoas sérias.

Decepcionam-nos nos cargos de decisão porque são pessoas com a dificuldade para administrar problemas, lidar com os diferentes. Adeptos da mesmice, têm medo de mudanças. O novo é ameaça. Suas idéias são enferrujadas, travadas, inflexíveis. Não conseguem negociar. São intolerantes e, pior, não percebem.

Essa rigidez pode ocorrer em nível particular ou social, nacional ou internacional. Essas pessoas empobrecem o mundo, colocam as relações sadias em risco. Se decidem a integrar uma Organização formal o nível de periculosidade vai à estratosfera. Não arredam pé do passado de jeito nenhum. Por elas, tudo pára, nada evolui; nem humana, nem materialmente.

Maria do Carmo Fraga (Mariana Mendes)
Enviado por Maria do Carmo Fraga (Mariana Mendes) em 15/05/2016
Reeditado em 15/05/2016
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