Minhas palavras do Chico Buarque.
Minhas as palavras do Chico Buarque.
Também conheço os passos dessa estrada, caro Chico, e sei onde tudo termina! È um descalabro ter que engolir o cálice amargo e fingir degustar o mel da vida. A roda-viva carrega tudo, até a nossa dignidade e há léguas a nos separar do objetivo que é um futuro mais humano. Apesar de você, políticos corruptos-corruptíveis, o jardim vai florescer e o sol da esperança vai sempre nascer. A rosa-dos-ventos pode estar perdida, mas ao ritmo de uma valsinha, vamos querendo um milagre brasileiro. Deus dará, um dia, um bom tempo, mas, enquanto não vem esse sonho impossível, a gente fica só de pirraça, no meio da praça, vendo os bois voadores desconstruindo a fantasia de uma cidade por uma unidad latinoamericana.
Meu caro amigo, ouça um bom conselho, de um velho, não Francisco, mas de um guri, que só está esperando o carnaval chegar para, cara a cara ver o meu povo chegando para comer a sua carniça. Sei que não basta um dia, por enquanto, estamos levando a vida, nos alimentando de luz e recebendo pedras e merdas feito Geni. Mas, a fortaleza de um povo, acostumado a seguir contra a corrente, é que alimenta esse desalento. Deus um dia há de pagar e não espere mil perdões, pois não haverá piedade, e vou até gargalhar, quando ouvir o ranger dos dentes. A agonia extrema será como um bálsamo.
Hoje, somos uma romaria de mutilados, dizendo sim para os desmandos, mas, amanhã, ninguém sabe, ou melhor, todos saberão, pois cada folhetim ,dessa cidade, anunciará a procissão que vai passar querendo a cabeça de cada governante numa bandeja.
Pedem pra eu calar a boca, contudo, há muito tempo que Bárbara já gritou e feito uma hemorragia ,choramos, quase um choro bandido, todavia, no dia que a banda anunciar o bom tempo, as noivas de toda a cidade vão divorciar dos pequenos burgueses e quererão um amor barato, porém é muito mais que amor. Hoje, dizemos sim para a corrupção, mas, amanhã deixaremos de ser como as mulheres de Atenas, para construirmos a cidade ideal. Viva o ano novo, pois a gota dágua já transbordou. Evoé, velho Chico.
Mário Paternnostro