LIBERTAS QUAE SERA TAMEN
LIBERTAS QUAE SERA TAMEN
12mai16
Hoje descubro o que é a vida. Minha caminhada matinal foi diferente, meus passos foram mais firmes, meu ritmo mais intenso, meu coração batia compassadamente num misto de alegria e verdade.
Não tenho partido político e nunca tive, não discutia política até ver a cegueira de alguns amigos, pois não conseguiam ver que estavam tirando a bala de seus filhos ou netos. Usava argumentos lógicos, tentava comprovar o que dizia com fatos, mas em contra argumento me chamavam de tucano ou me retrucavam com fatos e feitos em favor dos pobres. Parecia discussão de futebol, futebol é outra coisa. Hoje me renasce a esperança de encontrar os amigos para falarmos de futebol.
Tenho convivido com o ocaso da vida e o que vejo é que temos o livre arbítrio até mesmo para desistir dela. Isto se dá lentamente, perde-se aos poucos os cordões da vontade, do querer que nos fazem levantar e lutar a cada dia. Assim estava eu em termos do Brasil. Corrupção, roubo, mentira tirar do povo para entregar ao “rei”, mazelas que conosco convivem há mais de 500 anos.
Acompanhei todos os momentos até então dos acontecimentos da admissibilidade do impedimento da PRESIDENT”a”.
Vi cenas dantescas de extremo ridículo personificadas em nossos representantes na Câmara dos Deputados. Vi Senadoras histericamente gritando para apenas prolongar por 5 minutos o mandato de sua patroa. Vi Senador lembrando seu tempo de estudante e usando do mesmo discurso e agindo da mesma forma como se todos que o ouviam tivessem o despreparo e a imaturidade daqueles tempos de líder de Diretório Acadêmico.
Vi inteligências que argumentavam com clareza extrema, mas que não eram ouvidas. Vi equipes trabalhando incessantemente para municiar deputados e senadores de fatos, atos e palavras que recheavam seu tempo no palanque.
Achei que teríamos muito mais ganhos se o nosso parlamento fosse composto pela décima parte do numero de deputados e senadores que o compõem.
Tive saudade da ditadura que combati na adolescência, por achar que ela encerrava um efetivo menor a mamar nas tetas do poder público. Pensei até na monarquia, em cuja época só nos levava os quintos, míseros 20% que significam uma ninharia perto do que hoje nos levam.
Pensei num modelo anárquico onde o “pai da rua” seria aquele que nos conduziria, sem nenhum poder formal.
Mas então entendi que esta é a sina dos que vivem no Novo Mundo. Ainda estamos na infância do desenvolvimento político. Ainda damos birra e pegamos os brinquedos que são do nosso vizinho como se nosso fosse. Não respeitamos as vagas dos idosos, não respeitamos setas dadas por motoristas que inocentemente nos impelem a pisar no acelerador e dizer “depois de mim”, paramos em filas duplas nas portas das escolas que tentam ensinar urbanidade aos nossos filhos. Pensei que pensamos com o bolso, com o cérebro, com a razão para só então pensar com o coração.
Impingimos regras para atingirmos o politicamente correto vendo uma imensa maioria de políticos incorretos fazendo regras.
Não jogamos papel na rua, mas derrubamos arvores e botamos fogo em ônibus o qual depredamos depois que nosso time perdeu. Vemos o erro dos outros sem nunca enxergar os nossos.
Vamos levando, sempre na esperança de um amanhã melhor sem nunca agradecer pelo ontem que tivemos.
Precisamos conversar, precisamos falar, precisamos “parlar”, precisamos do parlamentarismo.
Geraldo Cerqueira