Belo Terno Preto

Hoje avistei em uma alameda um senhor vestido com um bonito terno preto. Cabelos bem alinhados. Barba feita, com certeza, pela manhã. Com um leve cheiro de uma boa colônia.

Encontrava-se ali em uma missão de pregação.

Gritava o máximo que suas cordas vocais permitiam: - Preparem-se, pois Jesus está voltando.

Essa parte do sermão me deixou pensativa por todo o resto do dia.

Bem, pelo pouco que conheço dos ensinamentos de Jesus Cristo, sua volta significa o fim desse planeta, pelo menos como o conhecemos.

Seria, também, o fim de tudo que nos causa aborrecimentos, angustias, tristezas e dores.

Meditando um pouco mais profundamente sobre a questão, cheguei à conclusão que a assertiva do elegante senhor não se configura uma ameaça, ou algo que possamos temer, haja vista que o mencionado retorno porá fim a tudo que nos incomoda.

Contudo, há a outra face da moeda; que é o medo de não merecer o paraíso, o que, óbvio, significa ir para o inferno.

Então vou colocar aqui os dois principais ensinamentos do Cristo: “Amai a Deus de todo o seu coração e sobre todas as coisa e amai o próximo como a ti mesmo”.

Entendo que o medo de quase totalidade da população mundial está fincado no segundo mandamento, posto que as coisas e sentimentos que nos afligem decorrem dessa falta de amor – amor ao próximo.

Não quero ficar no lugar comum, por isso não falarei o que todos já sabem, direi apenas que eu amarei o próximo do meu jeito: quando me amarem devolverei o amor em maior intensidade; quando me odiarem darei ordem de cérebro para cérebro que entenda o ódio como uma forma diferente de amar, é apenas o amor um pouco dessemelhante.

Ora, se somos parecidos amamos, e quando não nos enxergamos no próximo temos a tendência de repulsar, afastar, deixar longe, só porque não entendemos ou não conhecemos o suficiente para formamos uma opinião acertada.

Bem, é fácil.

E o ódio, como acontece? É uma questão de desconhecimento do próximo? Não. É simplesmente uma visão avessa do irmãozinho.

Então, se conhecemos e gostamos muito; amamos. Caso não seja bastante conhecido e ainda assim simpatizamos - é apenas empatia. Mas se conhecemos e odiamos - significa que não nos amamos, já que o próximo é semelhante, ou melhor, muito igual.

E se não conhecemos e odiamos? Aí é ignorância e vontade de se jogar de cabeça no inferno.

Rita Carvalho
Enviado por Rita Carvalho em 11/05/2016
Reeditado em 11/05/2016
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