MANHAS DO MARANHÃO
Nesse episódio do deputado Waldir Maranhão uma pergunta ainda não foi satisfatoriamente respondida: Por que, afinal, sua excelência fez uma cagada tão grande em tão pouco tempo? Não foi indigestão após as comemorações do dia das mães. Nem porque confundiu a concha da Câmara com um penico.
Pipocaram várias hipóteses: suborno, chantagem, pressão do Governo, vingança em cima do Cunha (rei posto, rei morto) e outras do mesmo calibre, todas focadas no andamento (para frente ou para trás) e no resultado do processo de impeachment da presidente da República. Mas nenhuma dessas hipóteses me satisfez porque a natureza humana é mais complexa do que a primeira resposta. Um motivo tão óbvio e tão frequente no jogo político não combinava com a intempestiva retropedalada de segunda-feira, maturada no fim de semana, que queria inverter o movimento de rotação da Terra.
Aí me lembrei do filme O Advogado do Diabo, com Al Pacino, quando o coisa-ruim diz que a vaidade era seu pecado preferido. Vaidade. É isso. Para mim, a resposta está nestas sete letras. Aboletado na cadeira de presidente da Câmara – seu novo latifúndio no Planalto - o liliputiano deputado viu a oportunidade de agigantar-se diante de seus pares, crescer diante dos holofotes (como fizera seu antecessor) e ocupar as manchetes nacionais e internacionais. Não ia perder essa oportunidade de ouro que lhe caía no colo na forma de um requerimento maroto que já se encaminhava para o fundo da gaveta.
Para quem já tinha mudado de partido mais do que de cueca, pouco lhe interessava – imagino – o desfecho do processo. Não podia era perder esses dias de glória. Por isso, enfunou o bigode e determinou que as águas do rio São Francisco retornassem à nascente. Ele é que faria a transposição para o oceano.
Foi mordido, quem sabe, pelo mesmo bichinho que em 1989 picou outro presidente da Câmara que, no exercício da presidência da República, transferiu a capital do país para sua cidade natal, onde desembarcou com o séquito do primeiro escalão.
Claro, passado algum tempo, tudo isso vira piada de salão, como certa vez preconizou Delúbio Soares. Ou poderia constar num novo volume do Festival de Besteiras que Assola o País, se Sérgio Porto ainda estivesse vivo. Mas nada disso repara o estrago já produzido no funcionamento das instituições e na imagem do país. Quando, na noite da mesma segunda-feira, Maranhão passou o papel higiênico na lambança feita de manhã, a fedentina já tinha chegado ao polo norte.
Levando a antiga advertência: “vanitas vanitatum et omnia vanitas!”