TERNURAS ENCLAUSURADAS
(12/07/2010)
Nestas casas pingadas pelas esquinas do mundo por onde você cruza e nem se dá conta de paredes ungidas de lembranças,cenários e histórias muitas vezes se repetem.
Haverá sempre um jardim relegado ao abandono,uma palmeira carcomida e uma roseira teimosa abrindo rosas fora de época.
Um pé de romã,um jasmineiro ressequido,uma calçada desbeiçada ...
Um portão enferrujado,uma caixa de correios (faminta de notícias), uma campainha que não mais funciona.
Caso decida-se chegar ouvirá do interior, um arrastar de passos vindos em sua direção.Na sequência,um sorriso tímido abrindo-se em sintonia com a porta.
Mãos trêmulas indicarão ,amistosas,o caminho da sala de estar. O bolor das eras dará o tom ao sofá descorado, e à cristaleira em madeira maciça.
Não faltará um relógio na parede escorrendo a lentidão das horas,um gato pensativo enovelado no tapete,um espumante ou uma cidra,do natal de “não sei quando” no balcão da sala de jantar.
Uma aranha trapezista tecendo a teia sobre o casal,jovem ainda,emoldurado em retrato.
Apreensivo,seu olhar fará um passeio pelo teto e a poeira incrustada ao lustre embaçará o que ainda possa lhe restar de luminosidade aos devaneios.
Sem demora xícaras de porcelana,estampadas de rosas e princesas,surgirão sobre a mesa e o cheiro de chá incensará almas.
Olhares se cruzarão entre um gole e outro .
[ Gratidão será o açúcar do tempo.]
Uma voz pausada discorrerá sobre anos dourados,ideais, e alguns sonhos que feneceram.
Amores inesquecíveis e laços de família afrouxados ao longo da existência.
A probabilidade de lágrimas escalarem sulcos da face durante a narrativa é imensa !
[Corações enternecidos!]
Ao deixar a casa, uma leveza de espírito lhe fará companhia.Decidindo-se olhar para trás,perceberá alguém a vislumbrar-lhe os passos.Uma providencial fresta de cortina deixará à amostra um vulto,o esboço de um sorriso,um eventual aceno. Isso será o bastante para reafirmar a existência destas ternuras
enclausuradas atrás de janelas,que a frieza das ruas por vezes insiste em ignorar.
Joel Gomes Teixeira
(12/07/2010)
Nestas casas pingadas pelas esquinas do mundo por onde você cruza e nem se dá conta de paredes ungidas de lembranças,cenários e histórias muitas vezes se repetem.
Haverá sempre um jardim relegado ao abandono,uma palmeira carcomida e uma roseira teimosa abrindo rosas fora de época.
Um pé de romã,um jasmineiro ressequido,uma calçada desbeiçada ...
Um portão enferrujado,uma caixa de correios (faminta de notícias), uma campainha que não mais funciona.
Caso decida-se chegar ouvirá do interior, um arrastar de passos vindos em sua direção.Na sequência,um sorriso tímido abrindo-se em sintonia com a porta.
Mãos trêmulas indicarão ,amistosas,o caminho da sala de estar. O bolor das eras dará o tom ao sofá descorado, e à cristaleira em madeira maciça.
Não faltará um relógio na parede escorrendo a lentidão das horas,um gato pensativo enovelado no tapete,um espumante ou uma cidra,do natal de “não sei quando” no balcão da sala de jantar.
Uma aranha trapezista tecendo a teia sobre o casal,jovem ainda,emoldurado em retrato.
Apreensivo,seu olhar fará um passeio pelo teto e a poeira incrustada ao lustre embaçará o que ainda possa lhe restar de luminosidade aos devaneios.
Sem demora xícaras de porcelana,estampadas de rosas e princesas,surgirão sobre a mesa e o cheiro de chá incensará almas.
Olhares se cruzarão entre um gole e outro .
[ Gratidão será o açúcar do tempo.]
Uma voz pausada discorrerá sobre anos dourados,ideais, e alguns sonhos que feneceram.
Amores inesquecíveis e laços de família afrouxados ao longo da existência.
A probabilidade de lágrimas escalarem sulcos da face durante a narrativa é imensa !
[Corações enternecidos!]
Ao deixar a casa, uma leveza de espírito lhe fará companhia.Decidindo-se olhar para trás,perceberá alguém a vislumbrar-lhe os passos.Uma providencial fresta de cortina deixará à amostra um vulto,o esboço de um sorriso,um eventual aceno. Isso será o bastante para reafirmar a existência destas ternuras
enclausuradas atrás de janelas,que a frieza das ruas por vezes insiste em ignorar.
Joel Gomes Teixeira