OS CORPOS NUS DO QUILOMBO

OS CORPOS NUS NO QUILOMBO

Ninguém mora num despenhadeiro exceto quem precisava caminhar para alem do mar por isso viveu junto, as almas inglórias, enamorava pelo canto do sol e o pranto do crepúsculo, os míseros beijos de sua utopia no cair da noite nos versos de fogo que escreveu sobre as cantigas de Angola em que ouvia nas madrugadas. Os óculos escuro dos sábios de Barbacena, a esperança guardada em seu alforje de poeta que caminhava pelas trilhas da paixão, o pequeno poema refletido na água do rio, o sonho branco nas tardes da África, a canção perfeita na ironia das suas lagrimas, os grandes muros da oração da saudade, o beijo no seio do mundo a sua volta e as vinhas da sua loucura, o legado da infância, a psicografia tolerante das vozes nos guetos, a poda do absurdo nas paginas brancas do seu diário, o anjo que caiu na contra mão da estrada Real, a racionalidade e o respeito pelos céus e os jardins, a dobra dos sinos anunciando seu cio nos badalos, o mormaço da terra desmembrada e o conflito do seu desejo pela manhã, o arco e lira e a pena que cai das mãos do homem sem perna, um cálice de vinho e a união a dois, o decifrar dos novos horizontes, o rio que desce de monte e grita por Chico, a mulher oculta que enche seu tonel de paixão e cachaça, do que alem da posse dos abstrativos e pede seu sonho de liberdade, o jeito de fazer carinho nos desertos e Oasis das Alagoas, a mascara dos nobres que caem nos bailes das tribos e a dança da congada, a ação por si só que vai ao lume, as dores das meninas presas pelo capitão do mato nas estradas e ali são estupradas, o brejo vermelho de sangue no próprio lugar, a gruta do poema e o cesto de frutas sobre a mesa rústica, o som do verão e o pássaro que voa sobre o cabo da enxada, o cidadão confinado no porão do navio negreiro, o ritmo do samba que toca na senzala de Chico rei, os pináculos da ilha perdida de Vera Cruz, a viagem de regresso a casa sobre a perna de pau no barco do peregrino, a sobra de comida do natal e a unção do seus pecados para o novo achado e a cova aberta que lhe espera em Palmares.

O ACABA MUNDO

As nobres palavras em decadência voam num mundo incerto, no silencio dos vales, na hipocrisia do arrependimento, nos labirintos do desespero humano,na triste magia dos ipês, nos vôos das garças que perambulam nas águas impuras da Pampulha,na beleza desfeita do corpo caçado das mulheres que oferecem seu corpo por ninharia nos hotéis baratos da lagoinha , o hospício e o cio da loucura no Galba Veloso, os prantos amarelos que fazem segredos nos lábios da malaria urbana, na arte que segue junto as covas e túmulos do cemitério do Bonfim, dos olhos de Tereza em pranto ao ver seu filho fumar cachimbo na esquina, as águas góticas de São Tome das letras e seus poemas das montanhas, a pedra fundamental da humanidade que nos faz ser onipresente parceiros em conflitos, a confusão no acreditar no invisível, O fetiche da alma presa na língua da serpente, a leitura das noticias celestiais e as ações do coração encarcerado.