Rato de brinquedo

Algumas pessoas discutem muito sobre o que é e o que não é pecado. Discutem também sobre o perdão. Mas quase nunca discutem ou confessam o tormento da consciência pesada, e de não conseguir perdoar a si próprio. Para mim que não sou religioso, mas me considero cristão, pecado é todo malfeito que praticamos e não conseguimos esquecer. Estão rindo? Riam não, é uma verdade absoluta. Os malfeitos que não conseguimos nunca esquecer são mesmo nossos pecados cabeludos. Pecado é consciência pesada, recrdaçao eterna, vergonha de algo que praticamos. Às vezes até as vítimas dos nossos malfeitos esquecem ou perdoam. Mas nós não, não nos perdoamos.É como se fosse uma pena, uma expiação, um castigo.

É claro que estou falando de quem possui sentimento e é capaz de sentir remorso, de quem não e um sem-cáraer total. Acreditem é impossível esquecer um malfeito, sobretudo aqueles que de certa forma prejudicaram outra pessoa.

Dia desses uma aiga dos tempos de infância,que conheço há mais de 60 anos, estava com o marido e outros amigos,e começamos a falar nesse troço de pecado e remorso, e então expus minha teoria, rechaçãda e ridicularizada por quase todos os amigos, mas aí a amiga, com a voz embargada, e lágrimas nos olhos, disse que eu tinha razão e ela tinha um pecado que sempre a incomodava, e contouque fora quando ainda garota, na escola que estudávamos, uma delatora. Tinha me delatado à diretora como o autor de uma presepada que assutou uma professora. Foi o seguinte: coloquei um rato de brinquedo na gaveta da professora, ela tinha um medo incrível de ratos, quando elaabriu a gaveta e pensou que era umrato de verdade começou agritar, completamente fora de si edepois passouum tempão chorando.Bom, ocaso tinha que ser investigado, a diretora ouviu um por um individualmente edescobriu o autor, não fui expulsoporque a professora se dava bem com minha mãe e perdoou,mas fui susenso 15 dias. E nunca soube quemtinha sido o dedo-duro. Fuisaber depois da cofissão dessa amiga, e fiquei estarrecido, apesar da minha teoria, que ela tivesse guardado como pecado essa farrapada de criança. Fiquei comovido, e então disse a ela que até achei bo ser denunciado porque ficara famoso na escola. Mas disse isso apenas para acalmá-la, perdoar perdoei mas saber que tinha sidoela, alguém que eu gostava paca, a dedo-duro me decepcionou. Quanto à armação do rato de brinquedo nunca considerei pecado. Fosse menino outra vez, comprariao ratode brinquedo na feira e botaria no birô da professora. Pecado para mim é coisa maior, adelação é um deles. Com toda certeza. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 09/05/2016
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