DIVERTINDO-ME COM MAXILENE
Para fechar as comemorações do Dia das Mães, aceitei aquele convite para ir ao forró com meus amigos. Fiz isso quando era mais jovem e até gostava, mas ultimamente, não sei se pela idade, minha programação com amigos tem se reduzido a praças de alimentação e canecas de chope.
Vislumbrei, com essa festa, a possibilidade de me distrair, sair um pouco da rotina e até, quem sabe, arrumar uns paqueras.
Ficamos estrategicamente localizados, de forma que podíamos ver todo o espaço.
E a banda toca. E o povo se agita. Observo os trajes das meninas (e os das senhoras). Coisas inacreditáveis! Olho para mim, com meu short jeans escuro e blusa amarela, e fico feliz. Não estou na moda, é verdade, mesmo assim, sigo feliz.
No ritmo da música inicio os primeiros movimentos, tímidos, pois não sou nenhuma dançarina de forró, sequer desço até o chão (é certo que eu tenho meu gingado, mas é só isso). E me detenho olhando à minha volta: as roupas; as danças; o rebolado dos mais ousados que sensualizam ao som de uma sanfona...
A banda principal chega e Maxilene me informa “vou fazer uma foto com eles!”. Certo. Boa sorte! E ela some no meio da multidão, rumo ao palco, para tietar os músicos. Algum tempo depois volta, numa euforia admirável: “Eu consegui! Eu tirei uma foto com eles!”. Fico impressionada.
De repente um toró. E enquanto enlouquecida a turma da chapinha corre para os alpendres, preferimos ficar a céu aberto. Um banho de chuva, no meio da noite, não nos parecia nada mal. O único problema foi o fato de ter que tirar meus óculos, pois com as lentes molhadas eu não enxergava nada.
E quando o jogo de luzes e os efeitos sonoros anunciam que o show vai começar, a menina Maxi me rende pelo braço e dispara: “bora lá pra frente, Celça!”. Mentalmente resmungo “só pela amizade mesmo”, entrego meus óculos ao meu irmão e me deixo levar por minha amiga louca no meio daquele povo molhado, cheirando a álcool, cigarro e perfume, tudo misturado.
De pés descalços, pisando lama e pedrinhas malvadas, alcançamos um lugar bem próximo ao palco, onde extasiada a mulherada gritava, como se o vocalista fosse um deus. Virou uma garrafa de bebida na boca, e as meninas foram à loucura. Deu uma rebolada, e mais gritos! Elas cantavam todas as letras. Nem isso eu podia fazer, pois não conheço as músicas. Então fiz o meu esforço e ao menos um refrão eu consegui: “au, au, au, au, au”. Em algum momento da música, o cantor dizia “sou cachorrão”. E também acompanhei a coreografia: o latido era com as mãozinhas para o alto, sacudindo os braços de um lado para o outro. Comédia total!
Aproximei-me de Maxilene e perguntei, num tom que mais implorava ajuda: “a gente já pode ir?”. A criatura, morta de empolgada com tudo aquilo, responde: “já, já, deixa terminar só mais essa!”.