Uma homenagem a minha mãe
São três horas e vinte e cinco minutos do dia 08 de maio de 2016. Estou acordado há quase uma hora. A princípio, virei de lado e tentei dormir novamente, mas o sono não veio. Desconectei o CPAP – equipamento que uso para dormir que tem a finalidade de evitar a apnéia do sono e o ronco – e fui ao banheiro. Retornei, religuei o CPAP, procurei posição e.... nada. Nessas horas, no mais profundo silêncio da madruga, cortado esporadicamente por algum barulho de carro, possivelmente conduzindo boêmios retornando das farras, vem à mente um turbilhão de pensamentos, muitas vezes sem nexos. De repente, viramos crianças, ficamos ricos e tantas coisas mais. Dentre essa confusão mental a qual eu estava submetido, lembrei que hoje é o dia dedicado as mães. Lembrei que uma das minhas filhas – que mora em outra cidade – chegara no dia anterior, acompanhada da minha neta para passar o dia das mães conosco. Estavam, as duas, dormindo no quarto ao lado.
O tema “Dia das mães” me tocou e não consegui mais dormir. Olhei para minha esposa, dormindo tranquilamente ao meu lado, sabendo eu que ela seria homenageada durante esse dia com um almoço ou um jantar, não sei exatamente e com muitas mensagens de elogio e reconhecimento dos nossos filhos, tipo “ você é a melhor mãe do mundo” e até nossas três netas ensaiariam dizer frases do tipo “Vovó, você e a minha segunda mãe. É a melhor e mais bonita vó do mundo. No maio desse trailer do filme do dia, procuro contar quantos dia das mães eu não posso fazer como meus filhos hoje farão. É o oitavo dia das mães que passo sem a minha querida mãe aqui comigo. Não chorei, mas, uma lágrima descontrolada molha minha face.
Olho para a porta do quarto entreaberta e sinto a sensação de ver o vulto da minha mãe passando rapidamente em direção a sala. Levanto-me o percorro todo o apartamento e... nada. Nada além da saudade que me invade o peito e uma tristeza que toma minha alma, logo substituída por uma mistura de sentimentos que vão do orgulho ao prazer. Sentimentos de agradecimento por ter tido a oportunidade de conviver com minha querida mãe durante 52 de minha vida. Não serei egoísta, jamais, em lamentar porque você se foi. Na minha concepção espiritual, você partiu porque chegou o seu dia. Tinha terminado a sua missão terrena, e muito bem cumprida por sinal.
Mas o fato de não tê-la mais conosco não me tira as lembranças da nossa convivência durante tantos anos. E como são boas essas lembranças. Seus conselhos, suas broncas, suas manias, seus medos, seus ensinamentos, sua sabedoria tão elevada para quem frequentou poucos anos de escola. Seus filhos e todos os seus netos a conheceram e compartilharam muitos bons momentos consigo. Hoje, seus 7 bisnetos já começam a conhecer a sua história e hão de se orgulhar dela, porque em cada referência ao seu nome, escutarão um elogio e saberão como aquela mãe e avó foi importante, deixando sua marca registrada na vida de cada um dos seus descendentes.
Obrigado minha mãe. Você não morreu. Você continua nos guiando lá do seu cantinho celestial. Sim, essa é a sua nova morada e você apenas se mudou para lá. Um dia nos reencontraremos.