Faltou combinar com o povo

Não há como negar a celeridade com que está tramitando no senado o processo de golpe, via fantasia de impeachment. Estão fazendo até hora extra. Um espanto.

Mas acho que esqueceram um detalhe fundamental. Não, não me refiro nem à falta de provar o crime de responsabilidade da presidenta Dilma mas porque não consultaram e nem combinaram com o povo esse medida, não a gambiarra jurídica em si, mas quem será o beneficiário do golpe branco.

Digo isso não só porque é o que penso, mas também baseado nas pesquisas e no que estou ouvindo nas ruas (não de petitas e esquerdistas. mas sobretudo de pessoas que foram às manifestações contra o governo). Vejam bem, até uma parte considerável da classe média, muitos do que bateram panelas, estão perplexos e tristes. Isso é um fato. Ninguém concorda com a substituição de Dilma por Temer, Jucá, Geddel, Padilha, Eduardo Alves, Moreira, Padilha e Cia. Não era o time dos sonhos dos manifestantes. Isso nunca passou por suas cabeças.

Não há nenhuma manifestação e, pior, confiança emfavor dessa curriola . Pelo contrário: talvez 90% dos manifestantes estejam se sentindo frustrados e, pior, enganados.

Deve ser duro para um manifestante que foi pras ruas enrolando numa bandeira nacional, concordar com um novo governo em que sete ou oito futuros ministeriáveis possuam pendências junto à Lava Jato, Zelotes, lista de Furnas, listão da Odebrecht e o escambau de escândalos. Detalhe: só Temer foi citado quatro vezes na Lava Jato e a justiça de São Paulo acaba de multá-lo por gambiarras. Desnecessário elencar as acusações ao resto do seu entorno, estão nas páginas dos jornais.

Um famoso brasilianista disse algo que parece muito com uma profecia correta:"O impeachment não é o fim da crise. É o começo".

Não se trata nem de trocar seis por meia dúzia,mas de trocar uma presidenta honesta pessoalmente, sem nenhum processo por Temer e sua curriola, pelo que há de mais fisiológico no país.

Só há uma solução que os deputados e senadores dizem ser impossível, como se houvesse algo impossível para a voz rouca das ruas, as eleições diretas já para presidente. Elas não vão resolver definitivamente a crise, masa darão legitimidade ao presidente porque serrá sua excelência, o povo, quem endossará o mandatro, e não um golpe para beneficiar um grupo execrável e ilegitímo.É preciso resitir, não só a esquerda, mas todos os democratas. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 05/05/2016
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