O encontro

- Você de novo... Já lhe vi por aqui. Nos conhecemos?!

- Sem dúvida!!!

- Dizes verdade???

- Sim, acompanho-lhe praticamente por todo o tempo. De longe, na maioria das vezes.

- És a minha sombra?

- Nem tanto! Contudo posso me tornar um assombro...

- Estou com receio.

- Não tenhas. Ainda que muitos me evitem. Somos parceiros e não vim no intuito de causar problemas.

- Não compreendo.

- Você dá sentido à minha existência.

- Agora estou surpreso.

- E por que estaria?

- Com a responsabilidade que me depositas.

- Certamente. Pois me aquece quando necessito.

- Desconhecia tamanha importância.

- Tens muito valor.

- Para ti, somente. Presumo.

- Engana-se. És de interesse de todos. Embora muitos não reconheçam.

- Como eu disse?!

- É que mesmo não admitindo recorrem a ti, quase que sempre.

- O que pensam acerca de mim, afinal?

- Que podes trazer consigo algo positivo, todavia também negativo. Tirar o sono ou trazer os mais belos sonhos. Querer seguir adiante ou recuar pela vida. Ser feliz ou amarrar-se às tristezas.

- Como sabes tanto ao meu respeito? E eu nada de ti!

- Este é o nosso primeiro e breve encontro. Agora estou por perto... Na hora certa aparecerei e obterás sua resposta.

- Como? Já vai se retirar???

- É necessário. Para eu tornar-me fundamental, porém sem sofreguidão, como você.

- E eu nem sei o teu nome.

- Saberás!

- E caso eu sinta Saudades?

- Assim sendo, tão logo aparecerei para dizer-te: "Prazer, Lembranças. Sou eu, me chamo Saudades. Penso que precisamos conversar..."

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