SAUDADE...
...é aquela visita que chega sem avisar e fica pelo tempo que desejar dentro da gente. Não adianta mandá-la embora... só faz o que quer, aloja-se onde não queremos porque tem vontade própria.
Não a escolhemos! É ela que nos escolhe.
Não a queremos! É ela que nos quer.
Mas, às vezes, nós a desejamos, porque nos faz companhia e nos traz de volta o que perdemos ou o que deixamos. Dizer que ela acaba com o tempo, é mentira; apenas se esconde nos recônditos de nossas lembranças e, quando pensamos que ela deixou de existir, sua sombra ressurge e toma forma, não tão materializada como antes, mas sempre presente.
Basta aquela sombra para nos trazer de volta o momento feliz ou o de angústia que nos entristece. Abraça-nos! Aperta-nos! Consola-nos ou nos desespera. Se nos consola, tentamos segurá-la, mas se nos desespera... ah! que peso dormir com ela abraçada a nós, quando gostaríamos que os braços nos abraçando fossem outros!
Sabem? Acho que não queremos, na verdade, tirá-la de nós. Mesmo que nos angustie, precisamos dela para não nos sentirmos vazios, pois quem não tem saudades, nunca teve nada.
Portanto, que ela venha e que se alimente de nossas lágrimas ou de nossos sorrisos, mas que venha para que a sensação de termos vivido um momento, curto ou longo, retorne também.
Que venha, para sentirmos que temos o direito de retê-la, de olhar nos olhos dela e de lhe dizer: "ainda bem que você existe."
Naget, Dezembro de 2013.
Reflexão reeditada em Maio de 2016.