Marcha à ré ....

Nas férias escolares, do antigo primário -estudava em Escola de freiras, particular, naqueles tempos nem tinha da Rede Estadual em pequenos municípios- costumava acompanhar meu Pai em suas viagens de venda de máquinas e utensílios, dentro do Estado, até a divisa da Argentina. O carro, era um jeep. Com carroceria feita de aço, pelo próprio Pai, que disso também entendia e se defendia. Solda à oxigênio, que quando podia, o auxiliava.

Numa dessas viagens, onde duzentos quilômetros, durava um dia inteiro, as estradas de chão batido, muitas vezes esburacadas, pois era no interior que se vendia, ocorreu um fato que marcou-me. Papai me deixou no carro, para fazer uma venda em frente, pediu-me para não mexer em nada, principalmente no câmbio. Mas, ávida por aprender, passo a mão na alavanca , fica em ponto morto, soube depois.... o jeep , que estava numa ladeira, começa a descida rua abaixo. Aos berros, assustada, chamo a atenção de um policial que, subiu no estribo, e , experiente , travou o carro mexendo no câmbio e freio. Com o carro em movimento, arriscou-se também. Papai, percebeu e chegou preocupado. Ao ver que tudo tinha se passado sem que nada de mal ocorresse, riu da minha façanha, que serviu-me de lição para não mexer onde não sabia dominar.... mas, ao contrário, incentivou-me a descobrir mais do domínio de um carro.

Dessas viagens , muito tenho ainda a contar. Bons tempos de minha infância... De dez filhos, era a mais velha, os filhos homens, chegaram após quatro filhas mulheres, então, coube a mim, auxiliar Papai em seu trabalho.

Muitas lembranças boas, aprendizagem de vida que fizeram parte de minha jornada.

lumah
Enviado por lumah em 30/04/2016
Reeditado em 02/05/2016
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