O HOMEM SUPERIOR E O PARTIDARISMO.
“O homem superior tem o espírito tolerante para todos os homens e não é um partidário; o homem inferior é um partidário, porém, não tem, absolutamente, o espírito tolerante.” Confúcio.
Leio em “BARBARIDADES”, crônica de Ana Bailune, diante da situação político-social em que vivemos, se não somos todos idiotas.
Aponta a triste cena de pessoas fazendo necessidades fisiológicas sobre retratos de políticos. Pergunta-se, qual o resultado prático-político do gesto? Pura idiotia.
Idiotia é grau de lesão cerebral. Essa colocação da poetisa se afina com a reflexão de Confúcio. Onde a tolerância se ausenta mata-se a compreensão e por vezes se apresenta conduta similar à idiotia. A ilimitada inclinação partidária seja pelo que for, desemboca em ridícula “certeza”. Nada é definitivo, não há bem que sempre dure nem mal que nunca se acabe.
Partidarismos já andaram e desandaram pelo mundo. Isso não inibe seu exercício, luta-se pelo que se acredita, mas com cerebração razoável.
Ser intolerante. Por quê? Por achar o intolerante ser dono da verdade. E esse estado de coisas não irá mudar na humanidade; não mudou. Prefiro o estado de fato de assistir o cenário social e seus fenômenos como um tolerante. Nesse sentido tenho artigo que faz paralelos com liberais e Gramsci finalizando Naquele que se imolou pela tolerância; Jesus.
Vi com imensa tristeza ontem, em bombardeio no Afeganistão, entre escombros, uma meninazinha dizer: “que mal fizemos?” Bombardearam um hospital dos “Médicos Sem Fronteiras”, instituição que ajudo. Os EUA assumiram e justificaram que foi um erro. Um erro?
É a intolerância dos homens, assim também o partidarismo, a arrogância de se situar em pedestal de exclusividade, no qual tudo se pode justificar, até a idiotia.
Querer ser, ter e dominar, usurpando o que é de todos, matando liberdades, assumindo a idiotia. Impossível a intolerância sentar-se na mesa da negociação onde o respeito é único e meta final.
Há um curso natural de seguimento traçado pelo homem através da sociedade que se organizou sob normas. Cada um professa seus ritos e suas convicções que devem ser toleradas, respeitadas, estão postas para tanto.
Também li em comentários na página da Ana que ficar com políticos que estão na atualidade por assumir o poder é um absurdo. Há que se entender que os brasileiros que pensam não querem ficar com político nenhum. Suas biografias assim sugerem. Mas é bom compreender que o escândalo escancarado e continuado, desproporcional em todos os sentidos, arrasador para a economia, do lado político que está sob alvo, é desprezível como política. Foram flagrados, estão sob investigação, não há como contraditar, alguns já condenados, e não se exclui ninguém de partido algum que deva ser apenado.
Quem faz a mudança é o povo em maioria nas ruas e o procedimento constitucional sob a vigilância da Corte Constitucional que, provocada, inclusive traçou os rumos processuais da lei de regência, especial, de 1950, recepcionada pela constituinte de 1988. Mera infantilidade jurídica alcunhar de “golpe” o que ocorre. Refrão tolo e boto. Admitir-se-ía até que pela inconformação do povo surgisse um oportunismo político. Evidente que as raposas estão soltas, mas o galinheiro está em total desordem.
O Supremo Tribunal Federal estaria paraninfando, aderindo, protegendo,abrigando e estimulando um golpe?
Nem um aluno do primeiro ano de direito assim entenderia se não fosse um partidário.
E seguirá o curso do processo social o Brasil, deseja-se que com equilíbrio e sem idiotia, um Brasil que hoje poderia estar com PIB espetacular, nos primeiros lugares da ordem econômica mundial.
“Cada cabeça um voto”, dizia o gigantesco tribuno da Itália, Norberto Bobbio, e nenhuma intolerância vai mudar isso, EM QUALQUER INSTÂNCIA, POLÍTICA OU JUDICIAL, a representação constitucional.
"O homem superior atravessa sua vida sem qualquer curso de ação preconcebido ou qualquer tabu. Ele simplesmente decide no momento o que é o direito fazer. O homem superior, no mundo, não põe sua mente a favor nem contra nada, cinge-se ao que é justo". Confúcio.