Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores
Joguei as rosas pela janela para não vê-las murchar. A quem quero enganar? Morrerão... Eu estando por perto ou não.
Assusta-me o fato das declarações de amor serem feitas com algo de fim tão frágil como uma flor. Promessas de vida às custas da morte. Definham dia após dia, como a maioria dos amores, até serem beijadas pela inexistência.
Creio, pois, que o amor deveria ser celebrado com sementes que, mesmo enterradas, crescem, florescem e ressurgem.
Mas as flores sempre estão lá: Nos casamentos, nos presentes de apaixonados, nos "feliz aniversário" e até implícitas num eu te amo tão frágil quanto elas.
Estão presentes também nos caixões, espalhadas pelos funerais, plantadas nos cemitérios, junto com a angústia de quem não soube celebrar a vida e agora presenteia uma alma partida com aquela metáfora para destruição.
Talvez alguns amores, nos dias de hoje, venham de fato se tornando apenas uma patologia necessária a mentes doentes...