Mensagens que edificam - 184

Me leva pra passear num parque, me faz cafuné, presta atenção em mim e sente o quanto eu sou carente. Não diferente, antes como toda a gente, preciso mais do que o trivial, preciso do útil, mas por vezes preciso dar uma pausa e me refugiar no fútil. Ninguém é 100% legal. Por vezes não concordamos com nossa dissimulação em nunca dizer não quando a proposta é sempre dizer sim, mesmo que isto não seja tão lícito assim. Me conta uma anedota, me faz rir, relaxar, sai do sério e por um pouco caia na chacota. O que há de mais tenso do que a preocupação com a manutenção da própria vida? Um dia todos vamos morrer, mas existe um inesquivável protelamento, nem que seja na intenção, na torcida ou na luta constante por algo que camufle o que já não é tão rígido. O tempo não aceita pedidos de perdão, nem faz acordos de eternidade, sabendo que ele é a prova inconteste do passageiro e do temporário. Cada época no seu tempo, cada tempo no seu exato momento de evidenciar que a vida dura o quanto lhe é permitido estender. Um dia a mais ou a menos não altera o que havemos de colher, se é que plantamos, e se plantamos inevitavelmente aprenderemos a conviver com o outono, primavera, verão e inverno. No momento certo tomaremos ciência do que é céu e inferno, se é hora do smoking, pijama ou terno. Se é pra cansar, suar ou simplesmente relaxar, se refrescar. Quando se descobre que a sombra pode ser o fruto mais saboroso de uma árvore, também se esclarece que todas as árvores são frutíferas, e que qualquer estação poderá ser a melhor do ano. Cada uma tem seu charme, seu preço e seu recado. Algumas vem pra esquentar, outras pra esfriar, pra soprar, trocar, na frenética roda da vida já se sabe que o mundo é mundo antes mesmo da invenção que desqualificou a pedra quadrada. Uma roda pode ser mais do que o calçado de uma viatura, mas a mesa da sorte de quem aposta numa mudança repentina que seja a mágica sonhada que transforma desertos em jardins e estiagens em chuvas seródias, poeira em perfume de jasmim. Eu gostaria de algo que lambesse o meu ego, e mostrasse para todos que o pior dos cegos será sempre aquele que não quer ver, e sendo assim, introspecto-me e tento, no mínimo, enxergar a mim.

Lael Santos
Enviado por Lael Santos em 29/04/2016
Reeditado em 30/04/2016
Código do texto: T5620497
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