LEÃO-DE-CHÁCARA

Nestes tempos bicudos, quando a situação não está para peixe, receber oferta de trabalho é bem alvissareiro, principalmente quando não se faz nada.

A pessoa que me ligou, disse ter encontrado meu nome no Linkedin – rede social profissional boa para buscar emprego – e o perfil era adequado para o cargo devido ser jornalista.

Fui à entrevista mais por curiosidade. O local de trabalho não me atraia: era na capital, não indicado para um caipira como eu.

O escritório era na Av. Liberdade, luxuoso. Fui logo atendido por um senhor amável, meia idade, só falando em japonês.

Simplificando, queria alguém para receber empresários japoneses, na maioria, que os orientasse, mantivesse conversação em alto nível cultural e indicasse acompanhantes femininos de acordo com seus gostos e preferência. O ordenado era razoável , mais percentagem no faturamento.

Pelo que entendi, era um puteiro sofisticado. E eu, seria um leão-de-chácara de luxo.

Despedi-me, prometendo retornar mais tarde.

Esqueci daquele ditado: quando a esmola é muita, é bom desconfiar...