Palavras de efeito
Não faz muito tempo estava eu desolada a mastigar a saudade daquele amor, um amor que eu imaginava ser eterno e de repente
tudo acabou. Foi quando encontrei uma amiga, a Maria Helena, estava tão saudosa quanto eu, ela havia perdido seu animalzinho de estimação, estava literalmente abatida e chorava copiosamente.
Ficamos ali a lamentar nossas desilusões e perdas, estávamos em um Shopping expostas às vistas dos olhos passantes e curiosos.
Não sei se desejo de ajudar ou apenas uma intromissão, aproxima-se de nós uma senhora e diz-duas mulheres bonitas com ares de tristeza, o que aconteceu meninas? Sentou-se ao nosso lado, pediu licença e continuou seu diálogo como se fosse uma Psicóloga a tentar redimir nossas dores, citou exemplos tocantes de perdas, tanto no âmbito emocional quanto no material, ouvimos com atenção seus relatos e agradecemos. Ela então pediu desculpas, desejou felicidades e partiu.
Eu e a Maria Helena saímos dali comentando a falação daquela senhora que nos disse -nada nos pertence, nem a nossa pele, o que deixou de ser, na verdade nunca lhe pertenceu, novos eventos virão... sorriam para a vida, cantem, dancem, vivam!!
Fui acometida de uma crise de consciência, um estalido na memória, uma varredura na tristeza e senti-me renascida.
Viver é isso, é aplaudir os ganhos e aceitar de bom grado as inevitáveis perdas, é preciso aprender a viver sem isso ou aquilo, sem a ansiedade do esperar, deixar que o tempo contribua com sua infalível fórmula. O desgaste é como a ferrugem, corrói, corpo alma e coração, apaga o brilho e o sorriso. Fazer de conta não é alienação, é receita pra viver melhor, embora nem sempre devemos ou possamos fazer de conta, mas no quesito tristeza é uma boa opção.