"Brésil: ceci n'est pas un coup d'Etat"
O mais importante jornal francês, Le Monde, que vem acompanhando os acontecimentos no Brasil tendo como base a nossa imprensa, lamentou não ter levado em consideração a parcialidade da mídia local na cobertura do impeachment.
Em trinta e um de março, véspera de aniversário do golpe militar, o Le Monde publicou editorial com o título: "Brasil, isto não é um golpe de estado”.
Brasileiros que vivem na França enviaram mensagens para o jornal pedindo novas abordagens sobre o tema. Alertaram que a cobertura não levava em conta que os políticos que encabeçam o impeachment são investigados, alguns até réus são, pelas operações da polícia federal.
Na edição de domingo publicaram a matéria: "O Le Monde foi parcial na cobertura da crise política brasileira?" E se retrataram, fizeram uma mea culpa, disseram que não consideraram que os meios de comunicação daqui são parciais, que o ideal seria ter destacado um jornalista de Paris ao Brasil, para auxiliar a correspondente.
Então, monsieur ombudsman, ontem o lobista Fernando Baiano confessou que entregou milhões de dólares ao presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, que foi citado duas dezenas de vezes e é réu na suprema corte; assim como o presidente do Senado, senador Renan Calheiros e também o vice-presidente, Michel Temer, foram citados e são investigados.
São essas pessoas complicadas com a justiça, comprovadamente corruptas, que lideram o golpe para impedir a Presidenta Dilma que, fiquem sabendo, é a única que não aparece em nenhuma delação.
É estranho que na França ainda acreditem que o Brasil é um país austero. Afinal, a frase: “Le Brésil n'est pas un pays serieux”, foi atribuída, erroneamente, mas foi, ao presidente francês Charles de Gaulle.
Ricardo Mezavila.