PODE SER FÊMEA?

A cada texto que publico e logra interlocução, me apercebo que a discussão da proposta poética serve como alento não só para a reflexão, também para o aquietar-se da saudade e o revolver das reminiscências. Devido ao entorno de teus valores, meu conterrâneo, distante do ninho original nesta Pátria Grande do Sul, dás ao humilde texto farta relevância, graças ao teu coração magnânimo. E sempre me sinto recompensado. Percebo que o carinho fraterno atingiu o "combatente das arraias e das areias", que morre de cisma vendo a beleza feminina tostando o lombo ao sol de Canoa Quebrada, em estertores marinhos. E eu, de longe, me rebolco nas dunas quentes das lembranças que somente a veraz amizade proporciona. Agora, com a novidade do recente 'picar da arraia', tu te tornas, mais do que nunca, um raro espécime: um quase peixe. Acho que o espécime de rabo longo e fisga crucial, em seu nadar harmônico e patético, à sua moda, deu-te o salgado abraço entre o prazer inusitado e o choro imediato à picada. Esqueces que a arraia também pode ser fêmea? Não é mais ou menos assim a dor do amar? Risos...

– Do livro POESIA DE ALCOVA, 2015/16.

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