Reticências II
A noite cai e um rio de lágrimas é formado, fazendo meu nariz de ponte e criando uma cachoeira no travesseiro. Vestígios da confusão que se instalou. O ar, sufocante, pesa uma tonelada e cheira a enxofre.
Imagino ouvir alguém chamar meu nome, tudo o que ouço é o silêncio da madrugada, cortado apenas por um ou outro suspiro de frustração.
Sou apenas um amontoado de promessas que não se cumpriram, um baú repleto de memórias e uma dependência daquele sorriso distante. Relembro o calor daquele abraço e um frio repentino arrepia-me a espinha enquanto mais uma lágrima faz seu caminho desaguando no oceano de dor.
Um pássaro, debochado, pia ao longe e, em resposta, meu silêncio grita que avisou.
Caos. Inquietação. Uma agonia palpável. Deixe-me só...