Utopia de Carlitos

Se há um assunto que detesto e me irrita profundamente é o papo sobre a morte. Quando tocam nesse assunto eu dou o pira. Sim, eu sei que ninguém nasce pra ser semente, que a vida é passagem, breve, fugaz, que a norte física é prego batido e ponta virada. Mas fujo desse papo mixuruca e brochante.

No entanto, adoro quando uma amiga de infância,sabedora daminha repugnância ao papo de morte, sempre que nos encontramos com osnossos amigos de Arcoverde, lê para mim um textode Carles Chaplin que ela chama de "Utopia de Carlitos", ela sempre leva o texto na bolsa. Ela tem voz de locutora, parecida com a daquela locutura da Manchete Iris Letieri. Ela já leu tanto para mim esse texto que eu decorei. Eis o teor do texto:

"A coisa mais injusta sobre a vida pe a maneira comoela termina. Eu acho que overadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente. Nós deveríamosmorrer primeiro, nos livrar logo disso. Daí viver num asilo,até ser chutado para fora delá por estar muito novo.Ganhar um relógio de ouroe ir trabalhar. Então você trabalha 40 anos até ficar novo o bastante para poder apresentar sua aposentadoria. Aí você curte tudo, bebe bastante álcool, faz festas e se prepara para a faculdade.Você vai para o colégio, tem várias namoradas, viracriança, não tem nenhuma responsabilidade, se torno bebezinhode colo, volta para o útero da mãe, passa seus últimos nove meses flutuando. E termina tudo com um ótimo orgasmo! Não é perfeito?".

Acho lindo essa "Utopia de Carlitos". Aminha amiga com sua linda voz de locutora diz nofinal: - E tudo,meu qurido Dartagnan, termina com uma foda arretada! Sei que é umafantasia,mas comoseria bom se fosse verdade. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 22/04/2016
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