Santas manias
Dizem que os ex-seminaristas - e eis que sou um deles - gostam de incenso, de latim, de cantochão, e curtem, mais do que qualquer beato, a Hora do Angelus.
Seriam as nossas santas manias...
Josué Montello, no seu Diário da Tarde, lembra que "os ex-seminaristas, como os padres, permanecem ligados indissoluvelmente à Igreja. Se não pela fé - pelo rito". Tenho como irretocável esta observação do autor de Uma sombra na parede.
O incenso. Está sumindo da maioria dos templos católicos. Pelo menos daqueles que freqüento com assiduidade. Os turíbulos, muitos verdadeiras obras de arte, ainda podem ser encontrados, mas nos porões das sacristias. Se duvidar, poucos padres sabem manuseá-los.
Para continuar sentindo o sagrado aroma do incenso, espero não precisar recorrer aos famosos tiraboleiros que encantam os turistas que visitam a Catedral de Santiago de Compostela.
A Hora do Angelus. Às 6 da tarde, costumo parar, para ouvir a Ave-Maria. Pode ser a de Schubert ou a de Gounod. Gosto das duas. Ambas mexem comigo; ambas me levam ao infinito; ambas me põem no caminho do céu...
No seminário, a Hora do Angelo era, pelo menos para mim, a hora da saudade... Saudade da família; saudade - e aqui confesso publicamente - de "amores" arranjados, com extrema cautela, nos dias de férias. Amores, que ao padre reitor a gente dizia serem platônicos.
Quando o velho relógio da torre do convento, plangente e preguiçoso, anunciava a Hora do Angelus, os claustros mergulhavam no mais profundo silêncio. Silêncio só quebrado pelo canto dos frades em oração. E aí, amigo; e aí, amiga, a saudade apertava. Saudade de tudo...
O latim. Já manifestei, em algum lugar deste meu site, o meu descontentamento com aqueles que consideram o latim uma "língua morta". O latim nunca devia ter saído do currículo das escolas brasileiras. Os latinistas falam e escrevem bem o portuuês.
O Cantochão. Nos últimos tempos, também anda esquecido. Ainda pode ser ouvido nas solenidades litúrgicas do Vaticano e em alguns monastérios espalhados pelo mundo.
Aqui, em Salvador, os monges beneditinos, cujo mosteiro acaba de comemorar 400 anos, cultivam, com prazer e perfeição, o canto Gregoriano.
No momento em que alinhavo esta crônica, ouço, baixinho, sons gregorianos, saídos de um CD, nas vozes dos monges da Abadia espanhola de Santo Domingo de Silos.
Falando em música sacra, permitam-me fazer ligeira crítica ao hinário adotado por muitas Igrejas católicas. Rolam "benditos" que levam os fiéis a tresloucados requebros, roubando-lhes a necessária concentração.
Ainda ouvindo os monges de São Domingo de Silos, renovo minha paixão pelo latim, pelo canto Gregoriano e pelo incenso.
E na Hora do Angelus, continuarei ouvindo a Ave-Maria, fazendo minhas preces, e curtindo minhas saudades... Como fazia no meu seminário seráfico...
Dizem que os ex-seminaristas - e eis que sou um deles - gostam de incenso, de latim, de cantochão, e curtem, mais do que qualquer beato, a Hora do Angelus.
Seriam as nossas santas manias...
Josué Montello, no seu Diário da Tarde, lembra que "os ex-seminaristas, como os padres, permanecem ligados indissoluvelmente à Igreja. Se não pela fé - pelo rito". Tenho como irretocável esta observação do autor de Uma sombra na parede.
O incenso. Está sumindo da maioria dos templos católicos. Pelo menos daqueles que freqüento com assiduidade. Os turíbulos, muitos verdadeiras obras de arte, ainda podem ser encontrados, mas nos porões das sacristias. Se duvidar, poucos padres sabem manuseá-los.
Para continuar sentindo o sagrado aroma do incenso, espero não precisar recorrer aos famosos tiraboleiros que encantam os turistas que visitam a Catedral de Santiago de Compostela.
A Hora do Angelus. Às 6 da tarde, costumo parar, para ouvir a Ave-Maria. Pode ser a de Schubert ou a de Gounod. Gosto das duas. Ambas mexem comigo; ambas me levam ao infinito; ambas me põem no caminho do céu...
No seminário, a Hora do Angelo era, pelo menos para mim, a hora da saudade... Saudade da família; saudade - e aqui confesso publicamente - de "amores" arranjados, com extrema cautela, nos dias de férias. Amores, que ao padre reitor a gente dizia serem platônicos.
Quando o velho relógio da torre do convento, plangente e preguiçoso, anunciava a Hora do Angelus, os claustros mergulhavam no mais profundo silêncio. Silêncio só quebrado pelo canto dos frades em oração. E aí, amigo; e aí, amiga, a saudade apertava. Saudade de tudo...
O latim. Já manifestei, em algum lugar deste meu site, o meu descontentamento com aqueles que consideram o latim uma "língua morta". O latim nunca devia ter saído do currículo das escolas brasileiras. Os latinistas falam e escrevem bem o portuuês.
O Cantochão. Nos últimos tempos, também anda esquecido. Ainda pode ser ouvido nas solenidades litúrgicas do Vaticano e em alguns monastérios espalhados pelo mundo.
Aqui, em Salvador, os monges beneditinos, cujo mosteiro acaba de comemorar 400 anos, cultivam, com prazer e perfeição, o canto Gregoriano.
No momento em que alinhavo esta crônica, ouço, baixinho, sons gregorianos, saídos de um CD, nas vozes dos monges da Abadia espanhola de Santo Domingo de Silos.
Falando em música sacra, permitam-me fazer ligeira crítica ao hinário adotado por muitas Igrejas católicas. Rolam "benditos" que levam os fiéis a tresloucados requebros, roubando-lhes a necessária concentração.
Ainda ouvindo os monges de São Domingo de Silos, renovo minha paixão pelo latim, pelo canto Gregoriano e pelo incenso.
E na Hora do Angelus, continuarei ouvindo a Ave-Maria, fazendo minhas preces, e curtindo minhas saudades... Como fazia no meu seminário seráfico...