Um Pouco de Desesperança
De onde menos se espera, daí é que não sai nada mesmo.
Barão de Itararé
Enfim, a Câmara aprovou o impeachment e observo, com tristeza, que a probabilidade dele passar também no Senado é bem grande. Fazer o quê? Na falta de comprovação do envolvimento de Dilma nos esquemas de corrupção tão amplamente explorados pela mídia desde sua reeleição, que se aproveite o deslize das pedaladas fiscais. Ok. Ela pisou na bola. Como vários outros governantes, mas pisou e vai pagar por isso. Não importa que muitos dos deputados que votaram pelo sim, inclusive o ilustre presidente da casa, Eduardo Cunha, sejam corruptos ou suspeitos de corrupção, assim como seu vice, que herdará o Planalto, e outros artífices do golpe.
Quando digo isso, os defensores do afastamento da presidente, argumentam que esses serão os próximos, que é preciso se começar por algum lugar. Concordo. Eu comecei no veganismo sabendo, por exemplo, que não poderia evitar a morte de milhões de roedores, vitimados na produção de grãos. Mas ainda assim, penso estar fazendo a minha parte por um mundo melhor. Mas, se não vejo solução a curto prazo para os ratinhos dizimados nos silos, vejo menos ainda para eliminar essas ratazanas que dominaram o País. Acredito que, assim que Dilma cair, Cunha será anistiado - já há proposta neste sentido -, a Lava Jato será encerrada, pois que atingiu seus propósitos, Temer assumirá o País e, com alguns ajustes na economia, conseguirá satisfazer os setores mais incomodados pelo fraco desempenho petista, silenciando o jus esperniandis da FIESP, dos Bancos e da Globo. A maioria dos manifestantes que tomaram as ruas e as panelas voltarão pra casa, sentindo-se satisfeitos partícipes da história Nacional e tudo seguirá como dantes.
Ah, como eu queria estar errada. Como torço para que estejamos dando apenas um primeiro passo para uma verdadeira reforma política, que diminua essa corrupção endêmica que arrasa o nosso Brasil.
Porém, quando relembro o triste espetáculo dado por nossos parlamentares na votação deste domingo, temo que, daqui a alguns anos, terei que dizer a alguns amigos pró impedimento, como a hiena do desenho animado: “Eu te disse, não disse? Mas eu te disse!”
Texto publicado no jornal Alô Brasília de hoje.
Quando digo isso, os defensores do afastamento da presidente, argumentam que esses serão os próximos, que é preciso se começar por algum lugar. Concordo. Eu comecei no veganismo sabendo, por exemplo, que não poderia evitar a morte de milhões de roedores, vitimados na produção de grãos. Mas ainda assim, penso estar fazendo a minha parte por um mundo melhor. Mas, se não vejo solução a curto prazo para os ratinhos dizimados nos silos, vejo menos ainda para eliminar essas ratazanas que dominaram o País. Acredito que, assim que Dilma cair, Cunha será anistiado - já há proposta neste sentido -, a Lava Jato será encerrada, pois que atingiu seus propósitos, Temer assumirá o País e, com alguns ajustes na economia, conseguirá satisfazer os setores mais incomodados pelo fraco desempenho petista, silenciando o jus esperniandis da FIESP, dos Bancos e da Globo. A maioria dos manifestantes que tomaram as ruas e as panelas voltarão pra casa, sentindo-se satisfeitos partícipes da história Nacional e tudo seguirá como dantes.
Ah, como eu queria estar errada. Como torço para que estejamos dando apenas um primeiro passo para uma verdadeira reforma política, que diminua essa corrupção endêmica que arrasa o nosso Brasil.
Porém, quando relembro o triste espetáculo dado por nossos parlamentares na votação deste domingo, temo que, daqui a alguns anos, terei que dizer a alguns amigos pró impedimento, como a hiena do desenho animado: “Eu te disse, não disse? Mas eu te disse!”
Texto publicado no jornal Alô Brasília de hoje.