Reflexões e tentativa de prece para o Salvador da Pátria
Reflexões e tentativa de prece para o Salvador da Pátria
São Paulo, 21 de abril de 2016
Excelentíssimo senhor Salvador da Pátria,
O título acima está correto. Junto com as reflexões virá, desejo eu, uma tentativa de confeccionar uma prece, porque, colega, você está precisando. Hummm, eu só imagino o quadro. É de doer. Largado num quarto de hotel, vixe, o que deve ter de garrafa de sagatiba aí, tudo espalhado pelo chão, os jagunços em volta, a sua figura envelhecida e tresloucada falando pelos cotovelos, e fala com um, e fala com outro, grita, xinga, e tenta dormir. E dá-lhe sagatiba. Quando fechas os olhos então, pfiu, cada imagem. Eu tenho certeza que no pé da sua cama tá o Celso Daniel. E aqueles coitadinhos que você viu, desde a sua infância. Sabe aqueles, que prometeste mundos e fundos e agora tão por aí, daquele jeito, né? Lembra deles?
Eu ainda não consigo fazer uma prece. Deveria. Na prática, nós somos irmãos. Pra mim é dificílimo esse exercício, mesmo tendo total consciência de não ser melhor do que você. Nem pior. A diferença básica entre nós consiste no fato de que o que eu falo ou penso tem efeito zero no entorno. Mas você pode, realmente, fazer muito pela pátria.
Vou te dizer como: larga o osso. Vai embora, tio, se manda,
tu é rico, mano, só otário acredita em triplex e naquele sítio merreca, te manda, põe um belo dum terno e vai passear em Genève. Compra um apê ali perto do Jet d’Eau, de tarde sente a briza, contrata um ghostwriter e elabora as tuas memórias, pra valer, não coisa de criança.
"Siga um bom conselho, eu lhe dou de graça, inútil dormir que a dor não passa…”. Não é assim que canta o seu amigo? Entonces, agora, antes de entrar no jatinho, faça uma declaração para a nação. Se certifica que os caras vão transmitir. Fala a real e libera, pelo amor de Deus, libera
uma parcela da juventude, outra de meia idade, a rapaziada que vai no seu comício e nem sabe o que acontece, libera os cinquentões que escrevem poesia e te defendem com unhas e dentes (sem ganhar um tostão, são dementes mesmo), e avisa os que recebem grana: ó, mudou o esquema, já elvis, fui.
Por favor, deixa o país andar.
Pera, a prece tá na ponta da língua, se eu não conseguir vou chamar uns amigos e amigas aqui do Recanto, verdadeiros conhecedores da arte da escrita, vai ficar uma beleza, uma prece para que tenhas paz e por conseguinte compreensão. Sei, vai ser milagre maior que o do Mar Vermelho…
Pô, mano, larga o osso, sério mesmo, o que é que esse teu ego ainda quer? Você é um vencedor, homem, saiu lá de Garanhuns e conquistou o mais alto cargo da nação por dois mandatos. Não está bom? Eu sei que o Obama te chamou de "o cara”, mas preciso te confessar uma coisa, presidente americano não dá sequer uma piscada e ou grunhido que não tenha passado 200 vezes pela supervisão do Departamento de Estado. É outra praia. Mas imagino que pra você deve ter sido uma viagem incrível, que nem os Beatles quando se trancaram no banheiro de Buckingham pra fumar um bamba, ou quando eles chegaram na América pra fazer aquele show histórico. Você na Esplanada, no jatinho do Eike, nos países africanos, que beleza, que poder, que façanha.
Então, que achas? Lac Léman, um chá da tarde no Beau-Rivage, horas e horas de conversa com o seu ghostwriter, sem público babaca pra satisfazer a parte doente do seu ego que, só porque foi ter uma conversinha com a PF fez discurso se auto intitulando “um merda de um metalúrgico” Isso não é verdade. Isso é desejo de autodestruição, sua e dos outros, além de politicagem de quinta categoria.
Vais continuar aí, nesse quarto de hotel, as garrafa vazia, os jagunço trazendo as cheia, os grito, as notícias de mais desfalques, até quando? Não to entendendo. Ah, sei, você vai ser ministro, hãham, e eu vou ganhar o Nobel. Eu imagino o desconforto. E, pra coroar, a imagem do juiz Sérgio Moro cada vez mais concreta na sua retina. Aí, assusta. Brasileiro jamais teve o costume de ver alguém em ação com tanta determinação e eficiência, fora do futebol e da bandidagem.
As coisa tão mudando.
Bom, enfim, a prece não sai. Pelo menos hoje não. Mas ficam as sugestões para que você venha a ter uma velhice digna, pacífica, e quem sabe proveitosa para os outros. E avisa pra sua amiga, a tal, ex-integrante do POLOP - Política Operária - que depois mudou-se para o COLINA - Comando de Libertação Nacional, casou-se com Cláudio Galeno Linhares, especialista em bombas, etc., etc., (só no Brasil mesmo) que o esquema mudou, deixa a gente viver, cara, pela madrugada!
Olha, gente séria, escreveu o seguinte, faz pouquíssimo tempo:
"Infelizmente, podemos esperar muita intranquilidade nos próximos tempos, estimulada pela tigrada. Há ameaças de greves e manifestações diárias, cujo potencial disruptivo não é desprezível. Vários dos irresponsáveis chefes de grupelhos disfarçados de “movimentos sociais”, que ganharam poder sob o lulopetismo, já expressaram sua disposição de fazer “guerra” – essa é a palavra que usaram, e não se deve ter esperança de que se trate de mera força de expressão, pois essa turma já provou muitas vezes do que é capaz".
Eu não te entendo, cara, sinceramente. Esse país foi bom contigo. Se você insiste nessa toada de poder algum jumento entre os seus seguidores vai fazer uma presepada pra macular a nação de modo extremamente daninho. Agora, se você cai fora, e avisa a jumentada: gente, pisei na bola, me arrependi, vamos somar pelo Brasil, chega de ameaças, de histórias tortas, infantis, populistas, etc.
Eu sei que você queria mais poder, ser o Monarca das Américas Socialistas, mas puxa, cara, pára enquanto é tempo, eu queria escrever que nem o Huxley (Aldous), paciência, ou no mínimo que nem o cara que fez o texto abaixo:
"O PT jamais quis ajudar a construir um país moderno, decente e forte. Sua única preocupação sempre foi a de polir a biografia de Lula, construindo para seu líder messiânico a imagem de inatacável protetor dos pobres e preparando o terreno para sua perpetuação no poder, à moda dos caudilhos que marcaram tristemente a história latino-americana".
Mas não. Nem sempre é como gente quer.
Sim, concordo, o Temer não vai resolver, a questão é que ninguém vai, enquanto o Brasil tiver essa carga tributária paquidérmica, esse cinismo continental e essa ignorância mesclada a orgulho que beira aguda psicopatia as coisas vão no passinho banho maria de sempre, uma esmolinha aqui, um viaduto que cai ali, e daqui 300 anos, quem sabe.
Acontece que você, “o cara”, tem se mostrado o fator de potencial sanguinário. Pô mano, ninguém vai explodir nada por causa do Aécio, do Temer, da Marina, etc. Então, pensa bem, a prece não vai sair de jeito nenhum, desisto, mas eu sinceramente gostaria que nós, brasileiros, tivéssemos um futuro pela frente, seus grandes feitos são passado, vosso reinado esculhambou o barraco, admita ou não, pouco importa, eu não reúno a menor necessidade de te ver no Cadeião de Pinheiros, da Papuda ou da PQP. Falo apenas por mim, outros brasileiros talvez pensem diferente. Aliás, por mim, você ia pra Suíça, curtir a vida que lhe resta e por favor, tio, deixa nóis vivê, só mais um pouquinho, aí sim, você salvaria a pátria.
(Imagem: Katherine Bradford, Belo Lago, 2009)
Reflexões e tentativa de prece para o Salvador da Pátria
São Paulo, 21 de abril de 2016
Excelentíssimo senhor Salvador da Pátria,
O título acima está correto. Junto com as reflexões virá, desejo eu, uma tentativa de confeccionar uma prece, porque, colega, você está precisando. Hummm, eu só imagino o quadro. É de doer. Largado num quarto de hotel, vixe, o que deve ter de garrafa de sagatiba aí, tudo espalhado pelo chão, os jagunços em volta, a sua figura envelhecida e tresloucada falando pelos cotovelos, e fala com um, e fala com outro, grita, xinga, e tenta dormir. E dá-lhe sagatiba. Quando fechas os olhos então, pfiu, cada imagem. Eu tenho certeza que no pé da sua cama tá o Celso Daniel. E aqueles coitadinhos que você viu, desde a sua infância. Sabe aqueles, que prometeste mundos e fundos e agora tão por aí, daquele jeito, né? Lembra deles?
Eu ainda não consigo fazer uma prece. Deveria. Na prática, nós somos irmãos. Pra mim é dificílimo esse exercício, mesmo tendo total consciência de não ser melhor do que você. Nem pior. A diferença básica entre nós consiste no fato de que o que eu falo ou penso tem efeito zero no entorno. Mas você pode, realmente, fazer muito pela pátria.
Vou te dizer como: larga o osso. Vai embora, tio, se manda,
tu é rico, mano, só otário acredita em triplex e naquele sítio merreca, te manda, põe um belo dum terno e vai passear em Genève. Compra um apê ali perto do Jet d’Eau, de tarde sente a briza, contrata um ghostwriter e elabora as tuas memórias, pra valer, não coisa de criança.
"Siga um bom conselho, eu lhe dou de graça, inútil dormir que a dor não passa…”. Não é assim que canta o seu amigo? Entonces, agora, antes de entrar no jatinho, faça uma declaração para a nação. Se certifica que os caras vão transmitir. Fala a real e libera, pelo amor de Deus, libera
uma parcela da juventude, outra de meia idade, a rapaziada que vai no seu comício e nem sabe o que acontece, libera os cinquentões que escrevem poesia e te defendem com unhas e dentes (sem ganhar um tostão, são dementes mesmo), e avisa os que recebem grana: ó, mudou o esquema, já elvis, fui.
Por favor, deixa o país andar.
Pera, a prece tá na ponta da língua, se eu não conseguir vou chamar uns amigos e amigas aqui do Recanto, verdadeiros conhecedores da arte da escrita, vai ficar uma beleza, uma prece para que tenhas paz e por conseguinte compreensão. Sei, vai ser milagre maior que o do Mar Vermelho…
Pô, mano, larga o osso, sério mesmo, o que é que esse teu ego ainda quer? Você é um vencedor, homem, saiu lá de Garanhuns e conquistou o mais alto cargo da nação por dois mandatos. Não está bom? Eu sei que o Obama te chamou de "o cara”, mas preciso te confessar uma coisa, presidente americano não dá sequer uma piscada e ou grunhido que não tenha passado 200 vezes pela supervisão do Departamento de Estado. É outra praia. Mas imagino que pra você deve ter sido uma viagem incrível, que nem os Beatles quando se trancaram no banheiro de Buckingham pra fumar um bamba, ou quando eles chegaram na América pra fazer aquele show histórico. Você na Esplanada, no jatinho do Eike, nos países africanos, que beleza, que poder, que façanha.
Então, que achas? Lac Léman, um chá da tarde no Beau-Rivage, horas e horas de conversa com o seu ghostwriter, sem público babaca pra satisfazer a parte doente do seu ego que, só porque foi ter uma conversinha com a PF fez discurso se auto intitulando “um merda de um metalúrgico” Isso não é verdade. Isso é desejo de autodestruição, sua e dos outros, além de politicagem de quinta categoria.
Vais continuar aí, nesse quarto de hotel, as garrafa vazia, os jagunço trazendo as cheia, os grito, as notícias de mais desfalques, até quando? Não to entendendo. Ah, sei, você vai ser ministro, hãham, e eu vou ganhar o Nobel. Eu imagino o desconforto. E, pra coroar, a imagem do juiz Sérgio Moro cada vez mais concreta na sua retina. Aí, assusta. Brasileiro jamais teve o costume de ver alguém em ação com tanta determinação e eficiência, fora do futebol e da bandidagem.
As coisa tão mudando.
Bom, enfim, a prece não sai. Pelo menos hoje não. Mas ficam as sugestões para que você venha a ter uma velhice digna, pacífica, e quem sabe proveitosa para os outros. E avisa pra sua amiga, a tal, ex-integrante do POLOP - Política Operária - que depois mudou-se para o COLINA - Comando de Libertação Nacional, casou-se com Cláudio Galeno Linhares, especialista em bombas, etc., etc., (só no Brasil mesmo) que o esquema mudou, deixa a gente viver, cara, pela madrugada!
Olha, gente séria, escreveu o seguinte, faz pouquíssimo tempo:
"Infelizmente, podemos esperar muita intranquilidade nos próximos tempos, estimulada pela tigrada. Há ameaças de greves e manifestações diárias, cujo potencial disruptivo não é desprezível. Vários dos irresponsáveis chefes de grupelhos disfarçados de “movimentos sociais”, que ganharam poder sob o lulopetismo, já expressaram sua disposição de fazer “guerra” – essa é a palavra que usaram, e não se deve ter esperança de que se trate de mera força de expressão, pois essa turma já provou muitas vezes do que é capaz".
Eu não te entendo, cara, sinceramente. Esse país foi bom contigo. Se você insiste nessa toada de poder algum jumento entre os seus seguidores vai fazer uma presepada pra macular a nação de modo extremamente daninho. Agora, se você cai fora, e avisa a jumentada: gente, pisei na bola, me arrependi, vamos somar pelo Brasil, chega de ameaças, de histórias tortas, infantis, populistas, etc.
Eu sei que você queria mais poder, ser o Monarca das Américas Socialistas, mas puxa, cara, pára enquanto é tempo, eu queria escrever que nem o Huxley (Aldous), paciência, ou no mínimo que nem o cara que fez o texto abaixo:
"O PT jamais quis ajudar a construir um país moderno, decente e forte. Sua única preocupação sempre foi a de polir a biografia de Lula, construindo para seu líder messiânico a imagem de inatacável protetor dos pobres e preparando o terreno para sua perpetuação no poder, à moda dos caudilhos que marcaram tristemente a história latino-americana".
Mas não. Nem sempre é como gente quer.
Sim, concordo, o Temer não vai resolver, a questão é que ninguém vai, enquanto o Brasil tiver essa carga tributária paquidérmica, esse cinismo continental e essa ignorância mesclada a orgulho que beira aguda psicopatia as coisas vão no passinho banho maria de sempre, uma esmolinha aqui, um viaduto que cai ali, e daqui 300 anos, quem sabe.
Acontece que você, “o cara”, tem se mostrado o fator de potencial sanguinário. Pô mano, ninguém vai explodir nada por causa do Aécio, do Temer, da Marina, etc. Então, pensa bem, a prece não vai sair de jeito nenhum, desisto, mas eu sinceramente gostaria que nós, brasileiros, tivéssemos um futuro pela frente, seus grandes feitos são passado, vosso reinado esculhambou o barraco, admita ou não, pouco importa, eu não reúno a menor necessidade de te ver no Cadeião de Pinheiros, da Papuda ou da PQP. Falo apenas por mim, outros brasileiros talvez pensem diferente. Aliás, por mim, você ia pra Suíça, curtir a vida que lhe resta e por favor, tio, deixa nóis vivê, só mais um pouquinho, aí sim, você salvaria a pátria.
(Imagem: Katherine Bradford, Belo Lago, 2009)