E o Fusca Continua
 
 
     Caminho diariamente pelas ruas de Santo Antônio da Alegria. Em direção ao Parque Ecológico, bem já perto do rio tem me incomodado a carcaça abandonada de um fusca; não porque esteja obstruindo a passagem ou poluindo a paisagem; mas, porque penso na importância que este carrinho já teve por aqui...

       Até a tradução do nome alemão (KDF - Kraft Durch Freude) é significativa: "força através da alegria". O apelido Fusca nasceu da nossa dificuldade Volks. O F tomou o som do V, ficando Folks, que a sabedoria popular entendeu como Fusca.
Quem deu o aval para a produção foi ninguém menos que o ditador Adolf Hitler que exigiu um veículo que andasse no deserto, na neve ou na lama. Resistente, o Fusca foi um dos poucos modelos na história que nunca sofreu nenhum “recall”.

     Os primeiros fuscas chegaram ao Brasil em 1950, importados pela família Matarazzo. Apenas sete anos depois foi inaugurada a primeira fábrica pelo ex-presidente Juscelino Kubistchek. É o automóvel que ficou mais tempo em produção no mundo todo, de 1934 até 2003. Somente agora, está prestes a perder o posto para  o Toyota Corolla.
                      

          Foi protagonista de filmes da Disney, inspirou músicas como “Fuscão Preto”, que estourou nas paradas. Existem 76 clubes de Fusca no Brasil, a maioria na região Sudeste, como o Faixa Branca, de Ribeirão Preto, que promove encontros regularmente.

          Outra curiosidade é o anel Brucutu, inspirado por Roberto Carlos e pela turma da Jovem Guarda; é feito com a pecinha responsável por esguichar água no para-brisa do Fusca que, por isso, era continuamente roubada nos anos 60.

          O Fusca voltou a ser produzido em 1993, no Brasil, a pedido do ex-presidente Itamar Franco, que concedeu incentivos fiscais. Só houve um problema: as vendas não deslancharam e a Volkswagen foi obrigada a interromper a produção em 1996. O seu sucessor é o New Beetle, carro que conseguiu fazer um enorme sucesso de vendas nos Estados Unidos e em diversos países; mas, aqui nada popular como o seu vovô.

          E o Fusca continua... é o carro fora de linha mais emplacado do Brasil. É comum o encontramos pelas ruas das cidades menores e na zona rural. Com roupagem nova, cores variadas. Conheço um cor-de-rosa, lindinho! E, sobretudo com um valor sentimental bem aplicado, bem acima das tabelas. É tão querido que até tem o seu Dia Nacional: 20 de janeiro; e, na década de 1980, foi eleito “o carro do século XX”.

          Há muitas histórias sobre fuscas, muitas aventuras vividas com eles, muitos amores compartilhados... Amamos o fusca! Aliás, o nosso primeiro carro foi um fusca branco, 1962.
 
 


          Este texto está publicado em "O Cuscuzeiro", jornal mensal de Santo Antônio da Alegria.
 
 
Fheluany Nogueira
Enviado por Fheluany Nogueira em 21/04/2016
Reeditado em 21/04/2016
Código do texto: T5611960
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