Penico Furado

Hoje as coisas são muito, mas muito mais fáceis. Juro. Exemplo: hoje temos luz elétrica o dia todo, geladeira, televisão. água encanada... Msmo nas periferias mais pobres há algum sinal dos benefícios da civilização, houve avanços graças aos programas sociais. E o pequeno, graças as liberdades democráticas, já pode até chiar.

Antigamente não existia nada disso. Luz elétrica só nas ruas centrais das cidades do interior, somente algumas horas por dia, graças a um velho motor que vivia se quebrando. Às nove ou dez da noite desligavam o motore aí era preciso recorrer ao candeeiro, no meu caso era as velas orque sempre fui alérgico a querosene (devido a asma). Geladeira? Não sabímaos que bicho era esse. Água encanada? Necas de pitibiribas, juntava-se água em cisternas, tangues, caixas d'água, e era água da chuva,a dos açudes e barreiros era buscada no chafariz da prefeitura. Televisão? Ninguém conhecia nem a palavra. Os mais endinheirados possuiam rádios que eram ligados em baterias (com os "tungas"). Saúde? Morria-se até de nó na tripa. Os médicos só passavam Melhoral e Biotônico Fontoura.

Tinha outro problema: o banheiro/sanitário ficava no finzinho do muro. O sanitário era um quadrado feito com tijolos com um buraco no meio, o infeliz fazia o dois (cagava) de cócoras, e limpava o fiofó com papel de jornal que era cortado em quadradinhos e pendurado na parede com um prego. Para fazer o um (mijar) era lá também ou em qualquer parte do muro, e se tivesse ocupado mijava-se em qualquer parte do muro. Quanto ao banho, era banho de cuia, botava-se água na lata e ficava-se dentro de uma bacia grande, depois aproveitava-se a´água suja para boptar dentro do cagador.

O ruim era fazer o um e o dois à noite, tudo escuro, principalmente quando era inverno com aquela chuvinha insistente e o frio. Então apelava-se para um dos benefícios da tecnologioa da época: o penico, que os mais sofisticados de marré-marré chamavam de urinol. Cagava-se e mijava-se neles à noite,imaginem acena bem cedo do transporte deles para o sanitário no muro e a lavagem dos distintos, numa casa havia vários penicos, e bem cedo estavam todos cheios até a borda. Estão rindo? Mas estou falando uma verdade. A procissão dos penicos cheios ficou na minha memória.

Mas a coisa piorava na casa que havia algupem muito velho e que só fazia o um e o dois na cama. A catinga era demais. Era o caso da casa de um amigo meu, o meu melhor amigoaté hoje, era uma família ainda mais pobre que a minha. A avó dele, Dona Chiquinha, tinha mais de 90 anos e vivia em cima da cama. Havia um penico enorme para ela fazer as necessidades, era de metal e com o tempo foi enferrujando e se furando, e em cada furo colocavam sabão para tapar o buraco, mas vazava e era aquele melelê, o amigo me contava isso, pasmem, rindo. Ainda hoje relembra o fato.

Foi do penico de Dona Chiquinha que me lembrei qundo vi Eduardo Cunha, um ganster da polítioca presidindo a essão do impeachment, com mais furos na moral que os furos do penico de Dona Chiquinha e fedendo mais que o penico e o quarto dela. É preciso trocar o penicoda velha por um urinol sem fuiros. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 20/04/2016
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