DEMONIZAR A VERDADE.

"O físico, matemático e astrônomo Laplace, também se sentia pequeno diante dessa prevalência do mal sobre o bem, e das graves indagações que não aproximam nem explicam fenômenos que desfilam sob nossos sentidos a desafiarem respostas, ao revés alimentam incertezas e acabam sem decifrar as condutas fechadas ao entendimento das razões do Cristo.

Dizia ele “que nós podemos tomar o estado presente do universo como o efeito do seu passado e a causa do seu futuro. Um intelecto que, em dado momento, conhecesse todas as forças que dirigem a natureza e todas as posições de todos os itens dos quais a natureza é composta, só se este intelecto também fosse vasto o suficiente para analisar essas informações. Seria uma única fórmula como aponta, os movimentos dos maiores corpos do universo e os do menor átomo; para tal intelecto nada seria incerto e o futuro, assim como o passado, seria presente perante seus olhos.”

Este intelecto freqüentemente é chamado de demônio de Laplace.

Essa demonização do intelecto, com o mal numericamente suplantando o bem como ocorrente, e a razão cedendo fomentada pela dúvida, arrasta o conflito que intranquiliza a necessária serenidade para refletir. Mas a incerteza de Laplace não afasta a obrigação moral dos que conduzem os destinos de nações, ao contrário, situam a possibilidade de se sensibilizar diante do que ocorre e irá se projetar em termos futuros, pois ninguém pode admitir que “nada seria incerto”. Para afastar essa radicalidade basta ser sincero, some-se, em Cristo, Nele é possível conhecer “todas as forças que dirigem a natureza”.

Refletir e assumir responsabilidades é dever daqueles a quem se destinou dirigir os destinos dos povos. Nem a astronomia e a matemática de Laplace, nem a filosofia de Aquino, nem a ciência sociológica-jurídica de Bobbio, se desviam dessa obrigação de caráter universal daqueles que foram guindados a essas posições de direção. Se impõe o exercício da Lei Moral. A soma de tudo que vive é Deus. Podemos não ser Deus, mas somos de Deus, assim como uma pequena gota de água é do oceano”.

Do meu livro "A Inteligência de Cristo".

Não é possível negar a verdade cuja clareza é filtrada pelo sol. Não há mal que perdure sem limite, nem inverdade que se esconda indefinidamente.

Refletir e assumir responsabilidades reconhecendo a mentira que comprou o silêncio é a única forma de fugir da demonização da verdade e evitar a pena moral e física que se abaterão em questão de tempo.O processo é contínuo e progressivo. É esperar para constatar. Estamos vivendo um desses procedimentos.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 19/04/2016
Reeditado em 19/04/2016
Código do texto: T5610211
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