Bolas de ouro e os dentes de diamante
Eu tinha o andar de quem trocou as próprias bolas por bolas de ouro. Naquele dia (como em todos os outros), segui o caminho de casa e aquela musica não saia de dentro da minha cabeça, forçando meus passos no ritmo da melodia.
Costumava ser a nossa música... Minha e dela, sabe? Mas hoje é só mais uma música qualquer (uma música qualquer que me faz lembrar do jeito que ela dançava e me fazia rir). A verdade é que, desde que ela me deixou, tento me convencer de que não preciso dela. Nunca precisei... E com toda a verdade absolutamente verdadeira, sei que não preciso, mas meu cérebro se recusa a entender e sinto como se pedaços de quem eu sou escorressem pelos meus buracos todos os dias, pela manha e pela noite, e não há nada que eu possa fazer sobre isso. E um dia todos os pedaços de quem eu sou haverão escorrido e me tornarei outra pessoa... E então não sobrará nada dela aqui.
Ainda assim, segui no ritmo da música, com minhas bolas de ouro e dentes de diamante. Um fucking Lannister.
Até ela virar a esquina.
Até ela virar a esquina e me derrubar do cavalo com apenas um olhar. E ela tem aquele olhar de quem sabe que está por cima... Aquele olhar de quem nunca esteve por baixo, acima de qualquer dor ou pena. Uma fucking Selvagem.
Ela passou por mim e eu me senti passado por ela. Passado, dobrado e engavetado.
Não houve nenhuma necessidade da existência de palavras nesse encontro esbarrado para que minhas bolas de ouro caíssem e rolassem rua abaixo e meus dentes de diamante ficassem cariados. Um fucking Stark.
Eu preciso de reabilitação.