Cuidar de idosa com mal de Alzheimer, Não é fácil não.
     Minha sogra agora deu para ficar acordada a noite também andando pela casa.
     Ela é hiperativa. Anda o dia inteiro, seus três filhos moram pertinho, e ela vai com sua acompanhante duas vezes por dia em cada uma das casas.
     Funciona assim sua vida, ela não deixa sua casa por nada, então fica uma semana em cada filho para fazer as refeições e dormir. Mesmo não sendo a semana dela, ela liga, e vem em nossas casas.
     Quer remédio sem parar, não fica sem sua chave e uma sacolinha de roupas. Sua acompanhante fica durante a semana com ela, das oito ao meio dia, e depois que ela almoça na casa, daquela semana, ela volta para sua casa com a acompanhante das treze até as dezessete horas, hora em que ela vem de vez para dormir.
     Esta semana ela estava em minha casa, e nos finais de semana, a coisa complica, pois ela quer que um dos filhos fique com ela, como fica a acompanhante. Ela fica nervosa demais e agitada, mesmo indo com ela duas vezes em sua casa...
     É só colocar o pé dentro de casa e passa uns dez minutos, ela fala que não foi ainda na casa dela, e reclama, fala que está muito doente, que vai morrer, se altera, e lá vai alguém com ela lá.
     A descrevo como uma criança muito meiga, algumas vezes, mas muito mimada, teimosa, e obstinada.
     Não é fácil para os cuidadores, pois ela cansa a gente mais do que uma criança. Pois quando quer alguma coisa, repete sem parar, começa a se alterar se não fazer a vontade dela, chega a até a fingir, viranda cabeça para trás, etc...
     Ela tem oitenta e seis anos, sua saúde física é boa, só tem problemas com refluxo. Sua pressão é boa, não tem diabete, nada, é muito bem cuidada por todos nós.
     Só estou relatando para mostrar como é cuidar de uma pessoa nestas condições. A gente sabe que quando ela parar de comer, a doença estará avançada e ela vai sofrer muito. Agora ela não sofre, pois nem imagina muito o que está acontecendo, parece não se tocar muito, pois todos os seus desejos são satisfeitos. É muito amada por todos.      E nem se toca ou assimila as coisas e os ataques de estresse que temos. É feliz assim. Quando tem feira aqui pertinho, ela vai até três vezes na feira. Fica querendo comprar arroz, feijão e linguiça, é uma briga para driblar e enganá-la (risos), já que come conosco, então deixamos ela comprar frutas. Ela gosta de levar um pouco aonde ela está dormindo, é muito grata, fala obrigado o dia inteiro, o que nos desarma de ficar nervosa com ela.
     Meu pai e uma irmã dele está com esta doença, que vai entupindo os axônios que fazem as sinapses dos neurônios, uma proteína que vai minando o cérebro. Uma coisa que eles cismam muito é que sumiu alguma coisa deles, e ficam falando que alguém roubou, desconfia e cita nomes. Nem ligamos pois sabemos como é, o salário dela, é gasto com seus remédios, vitaminas e a ida ao médico de dois em dois meses.
     Meu esposo é contador, e faz a planilha dela, para sabermos aonde está o dinheiro dela, já que ela "desconfia " que alguém pega. Ela fica sempre com quinhentos reais, para comprar coisas e, não fica sem sua bolsinha de dinheiro, de jeito nenhum. Tudo que ela gasta tem notinhas e recibos, para não haver aaborrecimentos.
     Pretendo no futuro escrever um livro, tipo diário, para contar e até orientar como deve ser um cuidador, pois não é fácil, a acompanhante dela sofre, andando o tempo todo atrás dela, muitas vezes ela fica nervosa, que quer agredir a acompanhante, que tem um jogo de cintura incrível, aliás todos nós.
     Creio que estou contando isso, porque mesmo olhando, cuidando, ela caiu da cama esta noite, e machucou a perna na quina da cama. Está começando a complicar o caso dela, e logo vai ter que tomar aqueles remédios fortes que vai deixá-la sem ação. Esta noite fiquei até as quatro horas da manhã, a hora que ela conseguiu dormir, e ela levantou da cama e vei até a sala, trinta e cinco vezes...
     Resolvi contar, para relatar para o médico quando ir com ela na nova consulta. Já era para estar dando sertralina para ela, mas ficamos com dó e não damos. Estamos levando assim, só com cinco miligramas de diazepan ao deitar. Mas estamos sentindo que não está resolvendo.  O médico dela acha que estamos dando a sertralina para ela, mas minhas cunhadas e esposo não concordam. Acima foto dela com a minha filha.
     Quem a vê nem imagina que tem esta doença que vai avançando gradualmente...
     Ela conversa normalmente...Quem sabe ela não chega até aos cem anos e, até lá já não tenha a cura desta doença...Ela é bonita, vaidosa e cheia de charme...

Norma Aparecida Silveira Moraes
Enviado por Norma Aparecida Silveira Moraes em 18/04/2016
Reeditado em 18/04/2016
Código do texto: T5609192
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