SERGIO MORO E O IMPEACHMENT.
Foi através dela, internet, que se passou a conhecer com mais amplitude um personagem da magistratura que tenho realçado e que muito a ele se vai dever, o Juiz Sergio Moro.
Se coloque um "com” e um “sem" a atuação de Sergio Moro, antes e depois de sua prestação jurisdicional no notório e rumoroso procedimento, LAVAJATO, e se verá quanto se deverá à metamorfose a que chegou o Brasil em termos de fazer justiça, e pensar o que disse Saramago:
“A Justiça continua a morrer todos os dias. De cada vez que morre, é como se afinal nunca tivesse existido para aqueles que nela tinham confiado, para aqueles que dela esperavam o que da Justiça todos temos o direito de esperar; justiça”. José Saramago
É a justiça encarnada por Sergio Moro, viva e isenta, que trouxe das sombras o que sombras encobriam, cinicamente. Não é só para pobres, pretos e prostitutas a justiça, a antes justiça dos três “ps”. Há uma mudança, houve uma mudança, seu protagonista é Sergio Moro. Capitães de indústrias “mil estrelas” estão e ficarão presos, em cubículos para suas posses. Só quem conhece esses meandros pode avaliar as pressões sofridas e a conquista conseguida contra tudo e todos; os poderes e os poderosos.Outras "personalidades" negativas, celebrizadas, que serão apenadas na hora própria, também, terão que conhecer seu tribunal, pelo instituto processual da prevenção que ocorre na lavajato e ao que inúmeros estão vinculados com delações e denúncias sendo formalizadas e em andamento. E não haverá concessão.
A lavajato hoje é patrimônio nacional das pessoas de bem e se destaca como instituição intocável. E não adiantam ameaças, sucumbirão.
Uma apreciação de Ronald de Carvalho na grande imprensa é pertinente transcrever: “Sérgio Moro, dirigindo no império da Justiça e no limite da lei, promoveu a divulgação do conteúdo dos grampos de Lula que escandalizaram o país. Esse era o objetivo. Moro tem consciência que administra muito mais do que um simples processo criminal, mas a demolição de uma organização empresarial criminosa com ramificações parlamentares, jurídicas e administrativas. Só com a aliança do povo não correria os riscos cometidos na Itália pela operação Mãos Limpas, dos anos 90.”
De sua atuação e dos procedimentos por ele presididos avulta a massa popular que ergue seu nome nas ruas. Nada é preciso dizer diante da evidência. Sergio Moro é um credor das aspirações do que presta no Brasil. Incomoda aos torcedores do que não presta, assim alinhados, e o fazem serenamente, com a placidez e o conhecimento dos favorecidos pelo “status quo”, ainda que com poucas benesses, com a cínica tranquilidade das paisagens...que ruminavam um “não passarão”.
Não em vão os pobres de espírito o elegem como alvo de suas apequenadas e infantis investidas, desimportantes e insuficientes, de nenhumas letras, chulas, minimizadas em locuções sem graça, faltas de conteúdo, aleijadas, carregadas de impropérios por usual falta de preparo e raízes.
Chegam a estúpidas projeções lembrando Umberto Eco e as imbecilidades da internet como conceituado em entrevista pelo notável semiólogo desaparecido recentemente. É a ferramenta que anda para todos os lados e serve de alimento para bons ou maus caráteres.
Nada se pode contra o conhecimento e a competência, senão submeter-se em reverência respeitosa ao desfecho das vitórias do denodo e do saber. É a vitória que se festeja, não a incultura da boçalidade que prevalece. O analfabetismo político nem de muletas consegue caminhar. Mas sabe como se move pelo interesse retribuído sem trabalho, e com qual mecânica patológica.
“Nenhum movimento conservador ou não me seduz. Nisso sou radical. Fundamentalista acreditado nas minhas razões. Nada está acima das liberdades, da mãe-liberdade, seja ou não um Estado conservador.”
Escrevi recentemente, não há justiça sem liberdade e independência. Mas para tanto esses princípios partem da construção da magistratura, da liberdade de expressão garantida pela justiça no cumprimento das leis de regência.
A opinião como gênero humano hoje se amplia na internet, mesmo por quem nada conhece de ciência do direito em suas intrincadas oficinas, e assim não há como considerá-la com propriedade, mas formulam suas convicções. Fazem confusão, como o Ministro da AGU, de delito penal-político, impeachment, com delito comum. Simplicidades.
Em “UMA NOVA JUSTIÇA PARA UM NOVO TEMPO. Soluções para a agilização e modernização da Justiça”, Mônica Labuto Fragoso Machado, Juíza de Direito do TJRJ, cita trabalho meu publicado na Revista “In Verbis”, do Instituto dos Magistrados Brasileiros, IMB, que aborda esta ferramenta nova de extrema utilidade, internet.
Panza - Celso Felício – Prestação Jurisdicional e Informática - Revista In Verbis, ano 6, nº 22.
Foi através dela, como disse, internet, que veio à lume o Tribunal que opera com precisão cirúrgica os desmandos da república e seus atores em estatais e apêndices.
Mas muito, quase tudo desse procedimento que aclarou sombras tenebrosas, se deve ao Juiz Moro, e as ruas reconhecem, o povo em esmagadora maioria agradece, não à obrigação ou à sua proficiência, mas precipuamente à independência e coragem.