Nômades de sentimento
Tudo nesta vida acaba. Perdemos alguns interesses, alguns amigos se vão, o que antes nos encantava de repente passa a não mais nos mostrar nenhum encanto. Tudo muda de lugar por algum momento em nossas vidas. Perdemos sentimentos de euforia justamente pelo fato de sermos ilimitados em nossas buscas. Somos, creio eu, a única criação dependente de algo superior que sempre estamos buscando por algo novo na vida e com isso deixamos vago espaços que outrora achávamos que jamais ficariam livres. Digo vago no sentido do olhar do outro pois na verdade não são bem os interesses que passam, mas sim, nossas prioridades que mudam. Em miúdos, a vida requer mudanças tanto internas quanto externas. Algumas roupas deixamos de lado, mudamos a cor dos cabelos, o corte, até mesmo o produto que usávamos com mais frequência. A sociedade impõe, por culpa da mídia, alguns padrões meio sem visão uma vez que todo ser humano precisa ser respeitado nas suas limitações de desejo. "Na passarela temos que ser Bündchen, na comunicação, Sílvio Santos, na educação Paulo Freire, na religiosidade um papa, na santidade um pastor, no conhecimento um Einstein, na poesia um Drummond e por aí ficaríamos o resto de 2016 em citações." E com isto, as pessoas que jamais chegarão a serem outras como as que citei, isto porque somos totalmente individuais em nossas escolhas, sucessos e insucessos na vida, acabam deixando os interesses usuais de lado. Pois bem. Tudo tem um prazo de validade em nossas vidas, tudo tende e ir diminuindo e por fim desaparecer sem que damos a devida conta digamos, mas uma coisa jamais passa em nossa vida: que é a nossa satisfação em sermos nômades de desejos, mudamos de norte a sul e de leste a oeste. Temos que ter em mente o seguinte. Jamais devemos nos entristecer pelas escolhas que fazemos, mas sim alegrarmos por não sermos todo mundo, não falarmos como todo mundo, não vestirmos como todo mundo, não sermos "legaizinhos" como todo mundo. Isso nos reforça a ideia de que estamos emprestados neste mundo, que tudo do nada acaba, amores "eternos" se quebram, alegrias passam, tristezas chegam, momentos marcam. O bom da vida é isto, é sermos um "trem" seguindo silencioso ou barulhento, vezes na linha vezes fora dela, mas o importante é seguir. No final percebemos que os trilhos nos levaram justamente aonde queríamos, justamente por todos os nossos desejos terem prazo de validade. Aceitando as limitações e ilimitações de desejo do outro, esta é minha luta e ao mesmo tempo condenada escolha na vida.