PROFESSORES E SUAS MAZELAS (VACINAS? TSC TSC)
Calor imenso de sol a sol. Buscamos nesgas de sombra nas roupas da cidade, esta que anda mal ajambrada de árvores, vestida pobremente, embora linda de hibiscos. Sombra de hibiscos? Seria pedir demais a quem já oferta beleza.
Beirando paredes, sob estreitas marquises, sigo pelas ruas, fugindo dos raios solares. Esquentam-me a cabeça o calor e a situação do país. Nesta não quero pensar agora. Cansou-me.
Resolvo avaliar a questão da insalubridade de determinadas profissões. Especificamente, penso nos professores. É lindo e desrespeitado o magistério!
Vacina para professores, nem pensar. Afinal, (os que se dizem entendidos da área) não consideram a possibilidade de contágios em salas de aulas lotadas. Dentre os grupos de riscos, os educadores, incompreensivelmente, não são e nunca foram contemplados.
Caminhando neste pedacinho de sombra, não posso deixar de pensar nesses profissionais de educação, que estão agora em salas de aulas lotadas, frequentemente ante jatos salivares de crianças, adolescentes e jovens, os quais tossem e espirram, literalmente, nos rostos de seus mestres, sem a menor preocupação de obstruir a chuva de vírus.
Nesta rua ensolarada, não me furto a me lembrar de colegas que transpiram e molham as vestes e cabelos, em salas escaldantes, no afã de ensinar e orientar os alunos.
Obviamente, falo aqui de escolas públicas, em que ventiladores estão aos pedaços, não funcionam e, quando funcionam, são instalados inadequadamente, em locais que, sequer com leve brisa, premia os docentes. Ar condicionado? Ah, certamente você pensa que está na França.
Não, ninguém está pedindo adicional por insalubridade, não é esta a intenção, já que estes profissionais não se enquadram no grupo em que a insalubridade é tida como inerente, como “aqueles que têm contato direto com agentes físicos, químicos e biológicos de grande monta, capazes de agirem como agentes prejudiciais à saúde”.
Neste caso, teriam direito os professores de medicina.
O pó de giz não é considerado insalubre, conforme Portaria nº 3.214/78 do MTB, anexos 11, 12 e 13, embora existam pesquisas que comparam seus efeitos aos verificados na análise do pó de cimento.
Sobre o uso da voz, com alterações importantes em laringes, como nódulos, cistos, pólipos, fendas e edemas com consequentes disfonias (perda de voz); sobre lesões musculares e de articulações hoje não tocaremos nesta reflexão. É caso para outro assunto acalorado e, igualmente, desvalorizado pelas autoridades educacionais.
Ventiladores e vacinas para silenciosos professores? Cortinas inteiras nas janelas, que protejam alunos e educadores do sol invasivo? Ah, são exageradas ambições no país de vultosas quantias desviadas. Continuemos em nesgas de sombras.
Dalva Molina Mansano
12:36
15.04.2016
Fonte: Yolanda Robert, professora, advogada, especialista em direito e processo civil e em direito e processo do trabalho. Presidente do Núcleo Jurídico da ACIJ (2010/2012) e da Comissão OAB Vai à Escola/Subseção de Joinville. Endereço eletrônico:yolanda@robertadvocacia.com.br