A ERA DAS INCERTEZAS.

Um pensamento moderno.

A dificuldade de conciliar interesses entre humanos levou a várias correntes do pensamento, antagônicos ou não. Em todos se buscava o bem coletivo, mesmo que para uma porção da humanidade como a pretensiosa “raça pura” hitleriana, entendendo que o rincão alemão, tedesco, era o vestíbulo para a grande arrancada que iria povoar o planeta de inteligências exclusivas.

Contrariamente, em termos de demografia, área territorial e reconhecimento, elementos dessa equação que formulo, o premio Nobel foi mais concedido a judeus, principalmente no reduzido reduto de Israel. Aqueles que eram lixo humano para o psicopata ditador têm destaque nas conquistas do talento.

O organicismo de Adam Smith foi sem dúvida a maior estética organicista dirigida para a harmonia coletiva como partilha de riquezas e bens. É considerado o economista que mais contribuiu para as práticas econômicas da atualidade

Cérebros eminentes assim entendiam, na Europa o inigualável Norberto Bobbio, na América Jhon Kenneth Galbraith. Afinaram linhas que se enfrentavam para erradicar a pobreza, tudo, porém, com a ojeriza de qualquer escravismo, perda das liberdades públicas, da liberdade como meio de realização.

Galbraith chegou a exaltar a tese de Marx, sob aspecto econômico, exclusivamente, destinada a igualar, nunca sob âmbito político, embora de difícil atingimento, logo que indissociáveis estes princípios norteadores das sociedades.

“A arte de ignorar os pobres,” escrito por James Kenneth Galbraith, filho do notável Jhon, em 2013, na Harper’s Magazine/Controvérsia, segue o caminho do pai: Como, ao longo dos tempos, os pensadores buscaram justificar a miséria e rejeitar qualquer política séria para sua erradicação “O desequilíbrio entre ricos e pobres é a mais antiga e a mais fatal das doenças das repúblicas”

“A era da incerteza” abriga em irônica perfeição, o momento que presenciamos no Brasil. Manifestações, protestos, pacíficos ou não, com tentativas por parte das autoridades, forradas de insuficiência, de darem respostas às “reivindicações” dos manifestantes. E responderam imprecisamente com a impossível “constituinte específica”, a reforma política inviável, por consulta binária em consulta de questões complexas e linhas dessa envergadura populista.

Uma sensação geral de insatisfação, flagrante, emerge da classe dita média (cuja classificação não se entende, pois situa renda de dois a três mil reais) por falta de sinceridade das autoridades, para pessoas desavisadas que creem no impossível e mais em frente se surpreendem com o que era óbvio para quem enxerga mesmo muito pouco,

E, para alguns resulta uma “oportunidade” de ruptura à esquerda ou à direita.

“A era da incerteza” define algumas condições indispensáveis a uma revolução política, que deve ser pacífica.

Existência de liderança, líderes decididos, sabendo onde pisam e o que querem. Destaque-se que não mais existe esse distanciamento de direita e esquerda, mas uma necessidade de caminharem todos na mesma direção, sabendo o que querem, o que é muito raro.

A supressão de liberdades é execrada por todos que pensam um pouco, Bobbio quis conciliar parâmetros impossíveis, ao menos lançou suas ideias, como Galbraith que dizia ser a falta de dinheiro, maior falta de liberdade. Sonhou acabar com a pobreza. Creio ser sonho, e creio firmemente. Quem pode dizer algo em contrário? Sem condições de adquirir primeiras necessidades se perde a dignidade, razão da liberdade.

Norberto Bobbio, embora combatido pela democracia-cristã, é a ponte que liga de certa forma a meta do reconhecimento da dignidade humana nascida da oralidade do Cristo à materialidade do pensamento das doutrinas humanas restritivas, que até hoje não compreenderam ser somente pelo alcance do reconhecimento dessa dignidade humana pelos Estados, que se chegará ao bem comum. O filósofo Bobbio, como Galbraith, tem o mérito de tentar nivelar camadas distintas, extraindo afinidades do confronto doutrinário entre o antagonismo da liberdade que respeita direitos individuais com a restrição absoluta dos mesmos, pregando o encontro que realiza direitos individuais comuns naturais.

"Cultura é equilíbrio intelectual, reflexão crítica, senso de discernimento, aborrecimento frente a qualquer simplificação, a qualquer maniqueísmo, a qualquer parcialidade". N. Bobbio

Bobbio colocou na mesma via a tradição liberal da defesa dos direitos de liberdade, de palavra, de imprensa, juntamente aos objetivos marxistas de proteção ao trabalho, direitos previdenciários, organização sindical e outros. Mas ambos ficaram distantes da segregação da liberdade, de qualquer cunho, econômico, político, religioso.

REEDITADO.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 15/04/2016
Código do texto: T5605825
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.