Mensagens que edificam - 174

Volta e meia e tenho sido questionado sobre se sou ou não ateu. Não me incomodo com esta pergunta, mas confesso que fico perplexo com o quanto esta confissão é importante e esta não confissão perturba tanta gente. Para início de um raciocínio que resulte numa resposta é preciso questionar o que é Deus. Compreendo perfeitamente que o sistema bruto e dominador subconscientizou esta dependência doentia de se fazer necessário e vital, sob pena de uma penalização de morte a quem se atrever indagar sobre características que moldem no imaginário das pessoas o formato deste a quem chamam Deus. Duvidar então, já é a blasfêmia declarada e o comportamento mais infame perante a sociedade. E... depois desta preliminar eu ouso retrucar a indagação com "faça o retrato falado de Deus para mim" ou apresente-me o seu arquétipo mais realista possível porque será impossível continuar lidando com explicativas sobre tripés de suposições. Se houver quem possa me apresentar uma perspectiva, não disforme, mas que concorde e conforme a razão desta fé de maneira inequívoca e transparente que me faça ver e não imaginar o que seja Deus. A mim, diferença nenhuma faz porque sei que qualquer um que ouse transmitir esta ideia sem subjetividades estará inevitavelmente declarando o cinismo e a hipocrisia embrulhada no pacote da insistente fé. Mas não é isso que o texto da epístola aos hebreus diz, que sem fé é impossível agradar a Deus? Sim, claro, e nisto a própria literatura "sagrada" declara a superficialidade da natureza deste possível ser. Quando digo possível é porque não consigo perceber nenhuma outra via de regra que me leve a dizer que qualquer equação que pretenda desvendar este enigma será uma dízima periódica infinita. Não há e nunca haverá um consenso ponderavelmente lógico que seja o ponto final nesta questão, mas afinal, isto é ser ateu? Eu diria que não, porque o simples facto de se permitir discutir tal assunto já é uma agonia latente em não conviver com esta incógnita, mas quem tem a resposta?