Creuza vai à praia

Vamos logo cambada o ônibus já chegou, Thaysla Rochelle pega lá o frango - a farofa tá na vasilha prástica da tampa azul, qual mainha essa daqui?, isso é azul é sua lerda, Patrik Ewerson vai buscar aquela cadeira lá no quintal, Patrick passa com a cadeira que encosta nas costas da mãe – Uaiiii, tá com o olho aonde seu inferno?, “vumbora” João - vamos homem estamos atrasando o motorista tá buzinando - já vou tô vestindo a sunga. E lá se vai os moradores da Alameda Tiana num ônibus fretado para a praia, chegando lá são logo reconhecidos pelos nativos e pelos freqüentadores assíduos da praia, no desembarque começa o sangangu, “peraí” minha sandália caiu grita Zezinho filho de Tonha, pega aqui a sacola Tina cuidado prá não virar, finalmente se instalam e começa o show dos biquínis coador D. Beta com aquele maiô de cinco anos atrás, Seu João vestia uma sunga preta com fivela dourada que o cheiro da naftalina se espalhou pela praia toda, de repente tchibum! D. Glória com seus cento e vinte quilos cai na água, e continua a farofada com uma série de atrações, hora do almoço e D. Joana começa a organizar tudo, abre uma sacola e tira dela uma pilha de pratos plásticos, distribui para a garotada em fila, algumas pessoas não sabe o que está acontecendo chegam a pensar que se trata de uma ONG distribuindo comida para meninos de rua, logo são informadas que se trata de farofeiros, e continua a baixaria, minha mãe o pedaço de frango de Pedrinho tá maior do que o meu, Seu João grita, eu quero a coxa, depois de algumas garfadas de arroz, farofa e frango abre-se uma vasilha com água, ouve-se bota..., bota, aqui tô entalado, depois de alguns arrotos vem finalmente o sossego, uma toalha desbotada, uma esteira, um lençóis velhos estendidos na areia embaixo de uma árvore alguns dormem, imaginem dormem à sombra de uma amendoeira na praia, a criançada faz a festa, barrigudos, olhos avermelhados do sol e do salitre, pele acinzentadas, cabelos arrepiados mãos e pés encolhidos pelo tempo exposto à água. Final de tarde é hora de voltar para a não mais inquieta Alameda Tiana, não tá faltando ninguém?, vamos embora motorista alguns dormem cansados do dia ensolarado e agitado, outros ainda comentam fatos acontecidos e figuras pitorescas do local, enfim como todos têm direito a um lugar ao sol, chegam à Alameda Tiana os moradores felizes por ter podido passar um domingo de lazer mesmo com a atual situação em que atravessa o Brasil.

Du Carmu Roserval
Enviado por Du Carmu Roserval em 14/04/2016
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