Sou do adeus
Sou do adeus
Ainda bem que conheço o adeus e suporto o acenar das mãos. Decerto, ele não é o desfecho, contudo, o começo de um começo e de um novo adeus. Não fico por muito tempo, sou inconstante; amo desamo amo, sem conectivos.
Talvez, faça parte de mim a despedida - emoção que muitos abominam -, mas, que, para mim, é mote para o grande livro da minha existência. Sou de hoje, todavia, viverei amanhã.
Quem me conhece, desconhece-me em seguida; não trago identidade, nem me apresento com todos os documentos. Logo, vivo ecoando a partida e me apresentando, sempre, no palco da vida. Um parlapatão em um sonho de uma noite de verão, vivendo o verso e a rima sem tempo marcado, no entanto, compondo o grande amor e o fazendo ecoar no coração.
Eu sou do adeus! Não me peça para ficar; guarde as lágrimas; enxugue o rosto. Vou...
Para mim, um segundo é um mundo; uma nesga é latifúndio. Chego na hora certa e saio antes de cumprir o tempo... tempo...tempo... Reticências que serão completadas por quem quer escrever o livro biográfico do fracasso da vida. Eu escrevo o já e rabisco o depois.
Sou de todo adeus! Adeus... Adeus...
Só a minha solidão tem o direito de me perturbar.
Não há espaço para a mobília da sua existência.
Dois corpos não ocupam o mesmo lugar.
Sou do adeus... adeus... adeus...
Mário Paternostro